O chanceler alemão, Olaf Scholz, iniciou os trabalhos da Conferência de Segurança de Munique este sábado. Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, pediu aos líderes mundiais mais apoio ao seu país devastado pela guerra.
Deutsch Welle
O chanceler alemão, Olaf Scholz, advertiu este sábado (17.02), na Conferência de Segurança de Munique, que os custos de uma vitória russa seriam mais elevados em todos os aspetos do que custa o apoio à Ucrânia.
Olaf Scholz, chanceler da Alemanha, este sábado em Munique © Johannes Simon/Getty Images |
"O preço político e financeiro que teríamos de pagar seria várias vezes superior ao nosso apoio à Ucrânia, agora e no futuro", disse Scholz num discurso no fórum.
Segundo Scholz, uma vitória russa levaria a que a Ucrânia deixasse de ser um Estado livre e independente, destruiria a ordem de paz europeia, seria um golpe para a Carta das Nações Unidas e encorajaria outros autocratas como o Presidente russo a resolver os problemas pela força.
Por todas estas razões, Scholz afirmou que se deve perguntar se está a ser feito o suficiente para apoiar a Ucrânia, dois anos após o início da guerra.
Scholz reiterou que os países da NATO não querem um conflito com a Rússia, razão pela qual não estão a ser enviados soldados para a Ucrânia, mas disse que também é necessário mostrar a Putin que a aliança está em condições de defender "cada metro quadrado do seu território". Reiterou a importância de continuar a apoiar a Ucrânia, resumiu os contributos alemães e disse desejar que todas as capitais europeias tomem decisões como as que foram tomadas em Berlim.
"A ajuda militar alemã, já fornecida e planeada, ascende a 28 mil milhões de euros. Para este ano, disponibilizaremos 7 mil milhões e, no próximo ano, seguir-se-ão mais 6 mil milhões", afirmou.
"Gostaria de ver decisões semelhantes em todas as capitais europeias e exorto os meus colegas a fazerem o mesmo", acrescentou.
Falta de ajuda à Ucrânia está a favorecer Putin
O Presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, disse que a falta de acesso do seu país a armas estava a fortalecer Vladimir Putin.
"Infelizmente, manter a Ucrânia num défice artificial de armas, particularmente num défice de artilharia e capacidades de longo alcance, permite a Putin adaptar-se à atual intensidade da guerra", afirmou este sábado em Munique.
Zelensky referiu-se ainda à devastada cidade oriental de Avdiivka, de onde as tropas ucranianas se retiraram enquanto a Ucrânia enfrentava uma grave escassez de munições, para a qual contribuiu a escassez da ajuda militar dos EUA que foi adiada durante meses no Congresso.
"Não pergunte à Ucrânia quando a guerra terminará. Pergunte: por que motivo Putin ainda é capaz de continuá-la?", referiu Zelensky.
Questionado sobre a retirada das forças ucranianas da cidade de Avdiivka, no leste, Zelenskyy disse que a decisão foi tomada para "salvar o maior número de vidas possível", numa altura em que os soldados lutam para resistir ao ataque das tropas russas.
"Foi uma decisão profissional para salvar o maior número de vidas possível (...) foi uma decisão justa", sublinhou Volodymyr Zelensky.
"As nossas ações são limitadas apenas pela eficácia e pelo alcance das nossas forças. Avdivka é o teste", afirmou, após as tropas de Kiev se retiraram da cidade oriental na noite de sexta-feira (16.02).
"A Ucrânia demonstrou que pode forçar a Rússia a retirar-se e que é capaz de restabelecer as regras. Podemos recuperar o nosso território e (o Presidente russo Vladimir) Putin pode perder, o que já aconteceu mais do que uma vez no campo de batalha", reforçou.
Na sua intervenção na conferência, o presidente ucraniano renovou o convite ao ex-presidente norte-americano e favorito à reeleição pelo Partido Republicano Donald Trump para visitar a Ucrânia, oferecendo-se para acompanhá-lo pessoalmente à zona de combate para entender melhor a guerra.
"Se o Sr. Trump vier, estou até disposto a ir com ele para a linha da frente", disse Zelensky durante um discurso na Conferência de Segurança de Munique.