Ao todo, 44 pessoas foram retiradas de prédio e 34 acabaram encaminhadas ao hospital por inalarem fumaça. Imóvel está interditado pela Defesa Civil.
Por Gustavo Biano, Arthur Menicucci e Caroline Giantomaso | g1 Campinas e EPTV
A Polícia Civil procura pelo militar do Exército responsável pelo apartamento que pegou fogo em Campinas (SP), na noite deste sábado (24). O local tinha cerca de 60 armas de fogo - entre rifles, fuzis e espingardas - e 3 mil munições, além de uma granada.
Vigílio Parra Dias, coronel do Exército, responsável por apartamento que pegou fogo em Campinas. — Foto: Reprodução/TV Globo |
A perícia concluiu, neste domingo (25), que o fogo começou após um artefato explodir dentro de um cofre. Em nota, a Secretaria de Segurança Pública (SSP) informou que o dono do imóvel não foi localizado após a ocorrência está sendo procurado para prestar esclarecimentos.
O apartamento é do coronel reformado Vigílio Parra Dias e fica no primeiro andar do condomínio Fênix, na Rua Hércules Florence.
O militar deixou o prédio durante a evacuação e, segundo o boletim de ocorrência, permanecia "em local incerto" até a conclusão do registro, na madrugada de domingo. O g1 tenta contato com o coronel.
O Comando Militar do Sudeste do Exército (CMSE) informou, em nota, que o militar possui certificado de registro válido como atirador, caçador e colecionador.
"Está sendo realizada uma perícia no local para levantamento de mais informações e detalhamento do caso. Militares do Exército acompanham os trabalhos dos órgãos de segurança pública para colaborar com a elucidação dos fatos".
Além das armas e munições, as equipes encontraram uma granada no apartamento. O Grupo de Ações Táticas Especiais (Gate) da PM foi acionado para verificar a granada. A equipe não conseguiu concluir se ela estava carregada, mas levou para detonação em local seguro. Segundo a corporação, o explosivo é do modelo M36.
Pólvora nos escombros
De acordo com o diretor da Defesa Civil de Campinas, Sidney Furtado, o local foi interditado principalmente porque há materiais inflamáveis nos escombros.
"Existe um trabalho ainda muito intenso do Corpo de Bombeiros, da Polícia Militar, da Polícia Civil e do Gate, porque que ainda tem muito material ainda no meio dos escombros. Então enquanto isso não for retirado, não dá para ser liberado o local", explicou.
Segundo ele, por conta das armas e munições, nos escombros há pólvora e isso impossibilita a liberação imediata do local.
"A partir do momento que isso for retirado, todos os escombros e esse material no meio dos escombros, aí poderá ser liberado com uma nova avaliação dos engenheiros do Urbanismo e da Defesa Civil.
Uma moradora do edifício, a auxiliar administrativa Marcia Macedo, contou que conseguiu ir até seu apartamento neste domingo (25) para pegar roupas e medicamentos. "Eu vi muitas armas no chão, bem queimadas, mas eram armas. No primeiro andar, próximo do apartamento", relatou.
Várias explosões
Vídeos gravados por vizinhos do prédio atingido pelas explosões registraram o barulho das explosões causadas pelas munições armazenadas no apartamento que pegou fogo.
Trinta e quatro pessoas que inalaram fumaça precisaram de atendimento médico e foram encaminhadas para o Hospital Casa de Saúde e para a Unidade de Pronto Atendimento (UPA) São José — nenhuma em estado grave.
Rapel e escudos balísticos
Ao todo, 44 pessoas que estavam em andares superiores foram retiradas do prédio, parte delas por meio de cordas, em uma manobra semelhante à técnica de descida em rapel.
A tática do Corpo de Bombeiros também envolveu o uso de escudos balísticos da Polícia Militar (PM), que serviram de proteção para que as equipes subissem as escadas do prédio.
"Como a escada estava comprometida, para as vítimas que tinham condições, a gente desceu por essa técnica de rapel por fora do prédio. E as vítimas que tinham mobilidade um pouco mais complicada, a gente ventilou a escada para elas conseguirem descer", explicou o primeiro-tenente do Corpo de Bombeiros, Rafael Ribeiro Vieira.
"Quando a gente conseguiu identificar que todas as vítimas estavam em segurança, a gente esperou um pouco, diminuiu um pouco essa questão das explosões, aí o Baep nos auxiliou com dois escudos balísticos. A gente conseguiu ganhar o primeiro lance e acessar as vítimas que estavam acima", resumiu.
Diversas viaturas do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) e outras do Corpo de Bombeiros foram para o local.
Cão resgatado
Além das pessoas retiradas do prédio, um cão que estava no apartamento do coronel foi resgatado pelos bombeiros.
Energia desligada
A Companhia Paulista de Força e Luz (CPFL), responsável pela distribuição de energia, informou que, por segurança, desligou a energia do entorno do edifício atingido pelo incêndio.
"A companhia ressalta, no entanto, que no momento, já restabeleceu o fornecimento para a maioria dos clientes afetados e apenas o prédio em questão ainda se encontra sem energia".
A concessionária deve religar a energia no edifício após a perícia no imóvel afetado.