A operação deflagrada pela Polícia Federal nesta quinta-feira (8) mira 16 militares das Forças Armadas que, segundo as investigações, teriam participado da elaboração de um golpe de Estado para manter o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) no poder.
Por Camila Bomfim | g1
Em outubro de 2022, Bolsonaro foi derrotado nas eleições presidenciais em segundo turno. Com isso, Luiz Inácio Lula da Silva (PT) assumiu a presidência em 1º de janeiro de 2023.
Bolsonaro não passou a faixa e, nos meses entre a eleição e a posse, grupos extremistas bloquearam estradas, questionaram a validade do resultado e tentaram invadir a sede da PF em Brasília, entre outros atos.
Segundo o inquérito, os militares atuaram em duas principais frentes:
- a primeira foi na "produção, divulgação e amplificação" de notícias falsas relacionadas à lisura das eleições presidenciais de 2022. A investigação afirma que eles tinham a finalidade de estimular seguidores a permanecerem na frente de quarteis e instalações das Forças Armadas e criar o ambiente propício para o Golpe de Estado. Ainda de acordo com o inquérito, o grupo incitava outros militares a aderirem à ideia, diretamente ou por meio de influenciadores nas redes sociais.
- a PF afirma que a segunda frente de atuação dos militares seria no apoio às ações golpistas, reuniões e planejamento de ações para manter os acampamentos em frente aos quartéis militares, incluindo mobilização, logística e financiamento de militares das Forças Especiais.
A GloboNews apurou que, entre os militares que são alvo nesta quarta-feira, estão:
- Marcelo Câmara, coronel do Exército citado em investigações como a dos presentes oficiais vendidos pela gestão Bolsonaro e a das supostas fraudes nos cartões de vacina da família Bolsonaro;
- almirante Almir Garnier Santos, ex-comandante-geral da Marinha;
- general Stevan Teófilo Gaspar de Oliveira, ex-chefe do Comando de Operações Terrestres do Exército.
Operação
A operação desta quinta cumpre 33 mandados de busca e apreensão e quatro mandados de prisão preventiva.
Segundo a PF, há mandados sendo cumpridos em nove estados e no Distrito Federal:
- Amazonas
- Rio de Janeiro
- São Paulo
- Minas Gerais
- Mato Grosso do Sul
- Ceará
- Espírito Santo
- Paraná
- Goiás
- Distrito Federal
- Filipe Martins, ex-assessor especial de Bolsonaro;
- Valdemar Costa Neto, presidente do PL – partido pelo qual Bolsonaro disputou a reeleição;
- Tércio Arnaud Thomaz, ex-assessor de Bolsonaro e considerado um dos pilares do chamado "gabinete do ódio".
Os mandados foram autorizados pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes.
Além de prisões e buscas, há 48 outras medidas cautelares, como proibição de contato entre os investigados, retenção de passaportes e suspensão dos cargos públicos.
A operação foi chamada pela Polícia Federal de "Tempus Veritatis" – "hora da verdade", em latim.