No final da conferência internacional de apoio que reuniu 21 chefes de Estado no Palácio do Eliseu, Emmanuel Macron expressou na segunda-feira à noite a sua "determinação" em apoiar a Ucrânia face à Rússia.
Le Figaro com AFP
Após uma conferência internacional de apoio à Ucrânia que reuniu 21 chefes de Estado na segunda-feira em Paris, Emmanuel Macron reafirmou o compromisso de Paris com a Ucrânia. "A derrota da Rússia é indispensável para a segurança e a estabilidade na Europa", disse ele em entrevista coletiva.
De fato, o envio de tropas terrestres ocidentais para a Ucrânia não deve "ser excluído" no futuro, disse Macron, embora tenha dito que "não há consenso" nesta fase para essa hipótese. "Não há consenso hoje para enviar tropas para o terreno de forma oficial, assumida e endossada. Mas, na dinâmica, nada deve ser excluído. Faremos o que for preciso para garantir que a Rússia não possa vencer esta guerra", disse o chefe de Estado.
'Ambiguidade estratégica'
O chefe de Estado não quis dizer mais sobre a posição da França nesta questão, evocando uma "ambiguidade estratégica que assumo". Mas "eu absolutamente não disse que a França não era a favor", alertou. "Não vou remover a ambiguidade dos debates desta noite nomeando nomes. Estou dizendo que foi discutido como uma das opções", acrescentou.
Essa opção nunca havia sido mencionada pela França até então. Questionado no final da reunião no Palácio do Eliseu, o primeiro-ministro holandês, Mark Rutte, garantiu que a questão do envio de tropas terrestres não estava na agenda. "Muitas das pessoas que dizem 'nunca, nunca hoje' eram as mesmas pessoas que disseram 'Nunca tanques, nunca aviões, nunca mísseis de longo alcance há dois anos'", disse Macron. "Sejamos humildes o suficiente para constatar que muitas vezes estivemos seis a doze meses atrasados. Esse foi o objetivo da discussão desta noite: tudo é possível se for útil para alcançar nosso objetivo."
O Presidente francês lembrou, no entanto, que os aliados da Ucrânia "não estão em guerra com o povo russo", mas que "simplesmente não os querem deixar vencer na Ucrânia".
O envio de tropas ocidentais para a Ucrânia "não está de forma alguma na agenda no momento", disse o primeiro-ministro sueco, Ulf Kristersson, no dia seguinte à declaração de Emmanuel Macron. "Não há demanda" do lado ucraniano por tropas terrestres, disse ele. Por isso, "a questão não é actual", insistiu, sem, no entanto, descartar essa possibilidade no futuro.
Cinco categorias de ação
O chefe de Estado francês também anunciou que os aliados da Ucrânia criarão uma coalizão para entregar mísseis de médio e longo alcance à Ucrânia. Foi decidido "criar uma coalizão para ataques profundos e, portanto, mísseis e bombas de médio e longo alcance", disse ele.
Mais cedo, o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, lamentou que "infelizmente" tenha recebido apenas 30% dos "milhões de projéteis que a União Europeia" "prometeu" à Ucrânia. "Juntos, devemos garantir que Putin não possa destruir o que conquistamos e não possa estender sua agressão a outros países", disse o presidente ucraniano.
Emmanuel Macron listou cinco "categorias de ações" sobre as quais há consenso: ciberdefensiva; a coprodução de armamentos, capacidades militares e munições na Ucrânia; a defesa de países diretamente ameaçados pela ofensiva na Ucrânia, como a Moldávia; a "capacidade de apoiar a Ucrânia na sua fronteira com a Bielorrússia com forças não militares" e operações de desminagem.
Apoio ao Esforço de Guerra
Vários países europeus estão apoiando a iniciativa tcheca de que a UE compre munição fora da Europa para apoiar ainda mais o esforço de guerra ucraniano, disseram participantes de uma reunião sobre a Ucrânia em Paris nesta segunda-feira. "A iniciativa tcheca tem grande apoio de vários países", disse o primeiro-ministro tcheco, Petr Fiala, no final da reunião, que reuniu mais de 25 aliados de Kiev no Palácio do Eliseu.
"Esta é uma mensagem muito forte para a Rússia", disse o líder, garantindo que 15 países estão prontos para aderir à iniciativa, que visa resolver a escassez de munição, incluindo projéteis de artilharia, para a Ucrânia. O primeiro-ministro holandês, Mark Rutte, disse que seu país contribuirá com "mais de 100 milhões de euros" para o plano tcheco e que "outros países seguirão" o plano. "Sobre munição, há essa iniciativa tcheca muito boa de comprar munição e projéteis em todo o mundo para a Ucrânia", disse Rutte.
'Loucura total'
Reagindo ao anúncio de Emmanuel Macron, o líder da França Insubmissa, Jean-Luc Mélenchon, disse na noite de segunda para terça-feira que "a guerra contra a Rússia seria uma loucura", julgando "irresponsáveis" as palavras do chefe de Estado sobre o envio de tropas para a Ucrânia. "Enviar tropas para a Ucrânia nos tornaria beligerantes (...) Esta escalada verbal beligerante de uma potência nuclear contra outra grande potência nuclear já é um ato irresponsável", disse o ex-candidato presidencial no X. "É hora de negociar a paz na Ucrânia com cláusulas de segurança mútua!" acrescentou. O coordenador nacional do LFI, Manuel Bompard, também criticou duramente os anúncios do presidente, dizendo que "considerar o envio de tropas francesas para lutar contra a Rússia é uma loucura total".