Medida é uma resposta ao fato de Israel ter convocado o diplomata para uma reprimenda ao Brasil
Mônica Bergamo | Folha de S.Paulo
O embaixador do Brasil em Tel Aviv, Frederico Meyer, foi chamado de volta por Lula (PT) ao país para consultas.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) durante evento no Palácio do Planalto, em Brasília | Adriano Machado - 1º.fev.24/Reuters - REUTERS |
A medida é uma resposta ao fato de Israel ter convocado o diplomata para uma reprimenda ao Brasil depois que o petista comparou o que ocorre na Faixa de Gaza ao Holocausto. As declarações de Lula abriram uma crise diplomática com o governo israelense.
Nesta segunda (19), o Ministério das Relações Exteriores do governo de Binyamin Netanyahu declarou o líder brasileiro "persona non grata".
Mais além, a pasta fez uma reprimenda ao embaixador do Brasil em Tel Aviv, Frederico Meyer, no Memorial do Holocausto, o Yad Vashem. O gesto foi classificado por um diplomata como "show". Normalmente, advertências a embaixadores são feitas nas sedes das chancelarias.
Foi um recado claro e simbólico. Criado em 1953, o memorial em Jerusalém reúne vários museus, centros de pesquisa e educação sobre o Holocausto nazista, que matou 6 milhões de judeus.
No local estiveram o chanceler Israel Katz e o embaixador Frederico Meyer. O ministro israelense deu declarações à imprensa e também mostrou ao diplomata brasileiro a lista com nomes de seus próprios familiares vítimas do regime de Adolf Hitler.
Lula afirmou no domingo (18) que as ações militares de Israel na Faixa de Gaza configuram um genocídio e ainda fez um paralelo com o extermínio de judeus promovido por Adolf Hitler.
"Sabe, o que está acontecendo na Faixa de Gaza com o povo palestino, não existe em nenhum outro momento histórico. Aliás, existiu quando Hitler resolveu matar os judeus", disse o petista.
O premiê Netanyahu já havia dito que Lula "cruzara uma linha vermelha" com suas declarações, e alguns deputados federais aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) usaram o tema politicamente e chegaram a aventar um pedido de impeachment do petista.
Como mostrou a Folha, a reação de Israel repercutiu mal dentro do Palácio do Planalto. Integrantes do governo consideram que Tel Aviv quer aumentar a dimensão da crise e avaliam ser improvável um pedido de desculpas do presidente.