Jornalista Andrew Fishman, que mantém postura crítica às ações de Israel em Gaza, recebeu e-mail de detratores que pregam "a erradicação dos insetos palestinos, mulçumanos e cristãos"
Por Ivan Longo | Forum
O jornalista Andrew Fishman, fundador e presidente do site The Intercept Brasil, foi ameaçado por supostos sionistas através de uma mensagem que recebeu por e-mail nesta quarta-feira (21).
O jornalista Andrew Fishman.Créditos: Reprodução/YouTube |
A ameaça a Fishman vem em meio aos ataques que o governo de Israel vem encampando ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva após o mandatário fazer uma declaração comparando o massacre de palestinos que as forças militares israelenses deflagram na Faixa de Gaza ao genocídio de judeus promovido pelo regime nazista de Adolf Hitler.
A fala de Lula, feita no último domingo (18) na Etiópia, causou um tensionamento nas relações entre Brasil e Israel, com ambos os governos convocando seus embaixadores às suas respectivas nações para consultas.
Fishman, que é judeu, mantém posicionamento crítico as ações do governo de Israel contra palestinos e, nos últimos dias, tem saído em defesa da declaração feita por Lula que denunciou a gravidade da matança patrocinada por Tel Aviv.
A origem judaica do jornalista, inclusive, foi citada pelos detratores no e-mail ameaçador, cujo o assunto é: "Os inimigos do sionismo devem morrer e você é um deles".
"Repetimos, SE VOCÊ RECEBEU ESTE E-MAIL ESTÁ ENTRE NOSSOS ALVOS, MESMO SE FOR JUDEU. ... Vamos erradicar a presença dos insetos palestinos, muçulmanos e cristãos de Gaza e de Judeia e Samaria e faremos a Grande Israel. Ninguém vai nos impedir, nem você", diz o e-mail, divulgado pelo próprio Andrew Fishman através das redes sociais.
O jornalista frisa, ainda, que "há partes bem piores" nas ameaças, mas que optou por não divulgá-las.
"Não nos intimida"
Em conversa com a Fórum, Andrew Fishman classificou o sionismo como "uma ideologia racista e colonial que não tem lugar no século XXI".
"Com o atual genocídio em Gaza, mais pessoas no mundo estão acordando para essa realidade e vendo a ideologia cada vez mais odiosa que permeia a sociedade israelense. O sionismo moderno é apenas mais uma variante do nacionalismo de direita que causou tanta morte e destruição no mundo e não tem nada a ver com o judaísmo, nem representa o povo judeu como um todo", analisou.
O jornalista afirma que que "os sionistas estão ficando desesperados porque mais e mais jovens judeus estão demonstrando a coragem de se levantar e dizer com orgulho que não querem ter nada a ver com o apartheid e o roubo de terras, casas e vidas palestinas", citando como exemplo de inciativa da juventude o grupo Articulação Judaica de Esquerda.
Por fim, Fishman afirma que ameaças de morte não o intimidam.
"Ameaças de morte e ataques covardes não vão nos intimidar nem nos distrair. Precisamos nos concentrar no que é mais urgente: um cessar-fogo imediato em Gaza, a criação de um Estado palestino e a responsabilização dos criminosos de guerra israelenses que estão matando mulheres e crianças inocentes. Toda a minha solidariedade a todos os palestinos do mundo inteiro que lutam por seu direito de viver em paz com dignidade".
Não é o primeiro
O jornalista judeu Breno Altman também vem, desde a escalada das ações militares de Israel em Gaza, recebendo ameaças de morte.
Além disso, Altman é alvo de uma perseguição judicial encampada pela Confederação Israelita do Brasil (Conib) por suas críticas contundentes ao sionismo do Estado de Israel e por denunciar, sem censuras, o massacre que as forças israelenses vêm promovendo na Faixa de Gaza e em outros territórios palestinos.
A entidade chegou a pedir a prisão do jornalista.