Posição israelense foi adotada após líder brasileiro comparar guerra em Gaza com extermínio de judeus durante o Holocausto
Caio Junqueira | CNN
Jerusalém - Diante da posição de Lula de não se retratar da declaração em que comparou a guerra de Israel contra o Hamas com o Holocausto, o governo de Israel vai manter o presidente brasileiro como persona non grata e avaliar os próximos movimentos.
Presidente Luiz Inácio Lula da Silva 02/02/2024 REUTERS/Carla Carniel |
Oficialmente, o Ministério das Relações Exteriores de Israel informou à CNN na manhã desta terça-feira (20) que não há mudança na posição e que a posição anunciada pelo ministro Israel Katz na segunda-feira (19) de que Lula é persona non grata continua.
Uma fonte da diplomacia israelense afirmou à CNN que neste momento não estão previstas medidas adicionais, como por exemplo a suspensão de relações diplomáticas.
Não há interesse de Israel, segundo relatos à CNN, de que a crise evolua para esse ponto. Integrantes do governo do país disseram diferenciar o que é uma posição do governo da posição da população.
Mas dizem por outro lado que medidas adicionais podem ser tomadas a depender das próximas posições e manifestações do presidente Lula sobre o conflito em Gaza.
A leitura, segundo outra fonte diplomática de Israel, é de que Lula não se retratar é um erro que tira o Brasil da condição de país neutro e equilibrado que costumava ter historicamente ao tratar do conflito árabe-israelense.
Também foi avaliado à CNN que a manutenção da posição coloca o Brasil distante de países do mundo livre como Estados Unidos, Alemanha, Inglaterra e França e que pode haver um crescimento do antissemitismo no país.
Consultadas pela CNN sobre a avaliação de Israel, fontes diplomáticas brasileiras disseram não concordar com a leitura.
Afirmaram, por exemplo, que dizer que o Brasil se distancia do mundo livre não procede, ainda mais partindo de um governo que vem sofrendo pressão e críticas da comunidade internacional.
Informaram ainda não terem interesse em escalar com a crise e que o foco do Brasil é um só: a situação dos civis palestinos e a iminência da ação militar em Rafah, no sul de Gaza, com consequências imprevisíveis para o que já é uma tragédia humanitária.
Também disseram que o governo Netanyahu é conhecido por tentar intimidar críticos, domésticos e estrangeiros, e que isso não vai funcionar com o Brasil.