Em reunião com Bolsonaro, em julho de 2022, Augusto Heleno afirmou que havia passado ordens para a Abin monitorar campanhas eleitorais
Edoardo Ghirotto | Metrópoles
A gravação da reunião entre Jair Bolsonaro e ministros do governo, ocorrida no dia 5 de julho de 2022, mostra que o então presidente sabia que a Agência Brasileira de Inteligência (Abin) era usada de forma ilegal para monitorar adversários políticos.
Marcos Corrêa/PR |
Na reunião, o então chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), general Augusto Heleno, afirmou que havia passado uma ordem para o diretor-adjunto da Abin, Victor Felismino Carneiro, infiltrar agentes da agência em campanhas eleitorais de outros candidatos.
Segundo a Polícia Federal, Bolsonaro interrompeu a fala de Heleno e disse que conversaria com o general “em particular” sobre o que a Abin estava fazendo. A PF atestou que Bolsonaro possivelmente verificou “o risco em evidenciar os atos praticados por servidores da Abin”.
Em declarações à imprensa, Bolsonaro afirmou que não tinha conhecimento sobre o esquema de espionagem ilegal que a Abin praticou contra adversários políticos, ministros do STF e jornalistas.
Victor Carneiro assumiu a chefia interina da Abin após Alexandre Ramagem deixar a diretoria-geral, em abril de 2022, para concorrer ao cargo de deputado federal. Ele era homem de confiança de Ramagem e da família Bolsonaro.
O vídeo da reunião entre Bolsonaro, Heleno e outros ministros foi encontrado durante as buscas e apreensões cumpridas pela PF contra o tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens da Presidência.