Não é novidade que as negociações para os caças F-16A/B MLU para a Força Aérea Argentina estão na reta final. No entanto, a definição de avançar ou não em sua aquisição é de responsabilidade do Poder Político. Mais precisamente, do presidente da Nação, Javier Milei, que ainda não deu luz verde para traduzir a compra dos caças dinamarqueses num contrato que faça a vontade do país na sua empresa de aquisição.
Por Juan José Roldán | Zona Militar
A situação estaria causando preocupação em vários setores, que veem a demora na decisão como um fator de risco que poderia fazer com que a prorrogação emitida pelo governo dos Estados Unidos, interposta diante das intenções da Dinamarca de doar um número maior de caças à Ucrânia, caduque.
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Conforme relatado anteriormente pela Zona Militar, o governo nacional, juntamente com o Estado-Maior Conjunto das Forças Armadas, a Força Aérea e o Ministério da Defesa, selecionaram o caça multifuncional F-16A/B MLU da Força Aérea Real Dinamarquesa como o futuro caça do país. Nos últimos meses, as negociações avançaram entre as partes envolvidas, sendo as mais importantes o governo dos EUA, que autorizou a transferência de até 38 unidades; com a exigência da FAA para 24 aeronaves, finalmente.
No entanto, como já foi referido, esta proposta tem um tempo razoável para se tornar realidade. Isso porque outros países também estão considerando os F-16 MLUs dinamarqueses como uma opção para equipar suas Forças Aéreas, sendo o caso mais proeminente a Ucrânia, que, diante dos acontecimentos atuais, busca acelerar a incorporação de novos equipamentos militares que lhe permitam reverter as recentes derrotas contra a Federação Russa. Outra parte menos interessada tem sido as Filipinas, que há anos buscam revitalizar sua frota de combate explorando várias opções, incluindo caças F-16 MLU de outros países.
Grande parte dessas possibilidades foi limitada pela decisão dos Estados Unidos em favor da Argentina, para que o país pudesse se equipar com esses caças, tendo como marco geopolítico a disputa que mantém com a República Popular da China, que ofereceu seus caças FC-1 (JF-17 Thunder Block III) como uma proposta sólida para o novo programa de aeronaves multifuncionais da Força Aérea Argentina.
Dessa forma, as negociações aguardam a decisão final da Presidência da Nação, que ainda não deu luz para avançar com a assinatura dos acordos e contratos que formalizam a compra de 24 caças F-16 (18 monopostos "A" e "B" bipostos), juntamente com seu respectivo pacote logístico e de apoio. As últimas notícias, noticiadas pela Zona Militar, indicavam que o objetivo é realizar esta operação durante o primeiro semestre do ano, sem fornecer uma data específica. A situação está gerando crescente preocupação entre vários comandantes militares, fazendo com que a Força Aérea e outras partes envolvidas (EMCFFAA e MinDef) considerem solicitar uma extensão do governo dos EUA para evitar que as negociações desmoronem.
Embora não tenham sido fornecidos mais detalhes, no atual contexto econômico-financeiro que o país atravessa, qualquer anúncio desse tipo geraria desconforto em diversos setores da sociedade, que veriam esse tipo de aquisição como um "gasto desnecessário"; como se a defesa da soberania e do espaço aéreo não fosse uma das funções primárias e fundantes do Estado Nacional. Que o urgente não se furte de atender ao necessário, para pôr fim a uma novela que está em andamento há mais de dez anos, com idas e vindas de toda ordem.