Duas gigantes aeroespaciais da Europa, a Airbus e a Dassault Aviation, estão supostamente em desacordo sobre a questão do projeto Future Combat Air System (FCAS), que deverá se tornar um caça a jato de sexta geração. Enquanto isso, o projeto Eurodrone vai ficando de lado.
Por Fernando Valduga | Cavok
A questão das disputas entre a Airbus e a Dassault Aviation emergiu cada vez mais quando os desenvolvimentos relativos ao FCAS não mostraram sinais de progresso.
No entanto, o conflito entre a Airbus e a Dassault Aviation devido ao FCAS também tem o potencial de colocar outro projeto, nomeadamente o Eurodrone, em risco de ser adiado ou mesmo paralisado.
Um recente relatório do Ministério da Defesa alemão revelou que a Dassault Aviation foi considerada negligente no cumprimento de suas obrigações de revisão de projeto inicial (PDR) em setembro de 2023. A fase PDR é muito importante para garantir que a revisão crítica do projeto (CDR) possa ser alcançada de forma otimizada e dentro do prazo.
O Ministério da Defesa alemão revelou que os dois fabricantes ainda estavam trabalhando nesta questão para alcançar uma “solução ganha-ganha”. Mas, por outro lado, existem problemas ocultos que não foram revelados até agora.
Aparentemente, nem todos os subsistemas possuem a maturidade tecnológica necessária para iniciar um processo formal de PDR, contribuindo assim para o atraso geral.
O progresso pouco claro do FCAS levou até a França a encomendar 42 unidades da nova variante Rafale à Dassault Aviation como precaução.
Como resultado, o projeto Eurodrone tornou-se uma vítima e atrasou a conclusão etapa por etapa.
O projeto Eurodrone foi motivado pela necessidade da Europa do primeiro sistema aéreo não tripulado para manter a defesa na região, com quatro países membros do consórcio, nomeadamente França, Itália, Alemanha e Espanha, através de três empresas diferentes, nomeadamente Airbus, Dassault Aviation e Leonardo.
Os trabalhos no projeto Eurodrone começaram em 2022, depois que a Airbus recebeu um contrato do agente de compras OCCAR. Ele foi concebido como um sistema aéreo não tripulado (UAS) que oferece capacidades avançadas de desempenho estratégico, incluindo modularidade de missão para missões de inteligência e busca e salvamento (SAR).
Espera-se que a produção do Eurodrone aumente a eficiência operacional da guerra quando comparada com os seus produtos antecessores.
O primeiro voo do protótipo do MALE europeu ainda está previsto para janeiro de 2027, com a entrega da primeira aeronave e de uma estação de controle em terra para a Alemanha e França planejada para 2030.
Também foi revelado que o projeto deverá incorrer em um aumento significativo de custos de 35,2%, ou seja, quase US$ 1,4 bilhão adicional no orçamento. As autoridades destacam que estes ajustes de custos devido ao contexto da inflação econômica global, particularmente influenciada pelo conflito na Ucrânia.