Candidato a vice na chapa de Bolsonaro, Braga Netto ordenou que chefes do Exército e da Aeronáutica fossem pressionados a aderir ao golpe
Edoardo Ghirotto | Metrópoles
O general Walter Braga Netto, candidato a vice-presidente na chapa de Bolsonaro em 2022, instruiu militares a pressionarem os comandantes do Exército e da Aeronáutica a aderirem à tentativa de golpe militar.
Walter Braga Netto | Igo Estrela/Metrópoles |
As mensagens de WhatsApp obtidas pela Polícia Federal deixam claro que o general Marco Antônio Freire Gomes, ex-comandante do Exército, e Carlos Baptista Júnior, ex-chefe da Aeronáutica, estavam cientes sobre a minuta de decreto golpista entregue a Bolsonaro, mas relutavam a apoiar o plano.
Braga Netto trocou mensagens sobre o assunto com o militar Ailton Barros, amigo de Bolsonaro, em 14 de dezembro de 2022. Ele encaminhou texto a Barros dizendo que “a culpa pelo que está acontecendo e acontecerá é do Gen Freire Gomes. Omissão e indecisão na cabem a um combatente”.
Barros respondeu em tom ameaçador: “vamos oferecer a cabeça dele aos leões”. Braga Netto concordou: “Oferece a cabeça dele. Cagão”. Na sequência, Braga Netto enviou uma foto e sugeriu que ela foi tirada naquele momento em frente à casa de Freire Gomes.
Ainda em conversa com Barros, no dia seguinte, Braga Netto orientou que Baptista Júnior fosse alvo de ataques públicos e chamou o então chefe da Aeronáutica de “traidor da pátria”.
“Senta o pau no Baptista Júnior. Povo sofrendo, arbitrariedades sendo feitas e ele fechado nas mordomias. Negociando favores. Traidor da pátria. Daí para frente, inferniza a vida dele e da família”, escreveu Braga Netto. “Elogia o Garnier e fode o BJ.”
Segundo a PF, as mensagens trocadas entre Braga Netto e Barros provam que o então comandante da Marinha, o almirante Almir Garnier, concordou com o golpe militar e colocou as tropas à disposição de Bolsonaro para levar o plano adiante.