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15 fevereiro 2024

Após Braga Netto orientar sobre 'viralizar' ataques, general Tomás Paiva virou alvo de perfis bolsonaristas

Filha do ex-comandante do Exército Eduardo Villas Bôas, citado pelo ex-ministro, chegou a vir a público desmentir informação sobre suposto encontro com escolhido por Lula para chefiar a Força


Por Luã Marinatto | Sonar O Globo — Rio de Janeiro

Cinco dias após a diplomação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), em 17 de dezembro de 2022, o general Walter Braga Netto orientou o ex-capitão Ailton Barros, expulso do Exército em 2006, a "viralizar" ataques ao também general Tomás Paiva, que acabaria escolhido pelo petista para comandar a Força em fevereiro do ano seguinte. Dito e feito: o período imediatamente posterior à ordem, revelada pela colunista do GLOBO Malu Gaspar, foi, de fato, marcado pela intensificação da ofensiva contra o oficial em perfis de apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), de quem Braga Netto foi ministro da Defesa e candidato a vice na disputa pela reeleição.

À esquerda, o ex-ministro Walter Braga Netto; à direita, ataque ao general Tomás Paiva, atual comandante do Exército — Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil e Reprodução

Na conversa com Barros, obtida pela Polícia Federal (PF), que investiga movimentações golpistas que orbitaram o Planalto na reta final do governo passado, Braga Netto narra uma suposta visita que Tomás Paiva teria feito a Eduardo Villas Bôas, ex-comandante do Exército e assessor do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) da Presidência de 2019 a 2022, com Bolsonaro no poder. O ex-ministro afirma, no diálogo, que Paiva repreendeu Villas Bôas e sua esposa, chamadas de "sem noção", pela postura em relação à vitória de Lula nas urnas.

"Parece até que ele é PT desde pequeninho", prosseguiu Braga Netto, alvo de mandados de busca e apreensão cumpridos pela PF na última quinta-feira, na operação Tempus Veritatis. "Nunca valeu nada", arrematou. O contato é encerrado com uma recomendação a Ailton Barros: "É verdade. Pode viralizar". Barros é próximo do tenente-coronel Mauro Cid e chegou a ser preso junto do ex-ajudante de ordens de Bolsonaro por um suposto esquema de fraudes em cartões de vacina da Covid-19.

Na manhã do dia seguinte à conversa entre Braga Netto e o ex-capitão, o influenciador bolsonarista Ed Raposo, que soma mais de cem mil inscritos em um canal no YouTube e outros 91 mil seguidores no X (ex-Twitter), encampou a mesma narrativa. "O general Tomas, com letra minúscula mesmo, é uma vergonha para as FFAA. Ir à casa do General Villas Bôas e fazer ameaças veladas em frente a sua esposa foi uma das coisas mais covardes que já tive notícia na vida. Que sujeitinho vil e sujo! Merece desprezo eterno da tropa", escreveu Raposo no X, em postagem que teve quase 134 mil visualizações.

Dois minutos depois do conteúdo compartilhado por Ed Raposo, outro perfil trouxe relato similar acompanhado de uma foto de Tomás Paiva com os dizeres "ele está fazendo pressão contra o presidente (Bolsonaro)" e "ele quer ser subordinado a um ladrão condenado". O general também passou a ser chamado de "traidor da pátria" e "melancia" — termo utilizado com frequência pela direita para se referir a oficiais supostamente vinculados à esquerda, que seriam "verdes por fora e vermelhos por dentro".

A ofensiva, porém, teve início já na noite anterior, ainda no mesmo dia do recado enviado por Braga Netto a Ailton Barros. "Um passarinho me contou que o General Tomás foi à casa do glorioso Gal. Villas Bôas e chamou a atenção dele e da esposa de que seriam prejudicados se continuassem apoiando a intervenção. A informação é de que dona Cida, esposa do Villas Bôas ficou morrendo de raiva", postou um perfil bolsonarista às 21h33 daquela data, em mensagem que marcava o empresário Paulo Generoso.

Generoso, aliás, é mencionado como fonte em vários conteúdos alusivos ao suposto encontro entre os dois generais. "General Tomás, que deve assumir o comando do Exército no governo Lula, foi pedir ao General Villas Bôas que não apoiasse manifestantes e que sua esposa não fosse à frente do quartel e levou uma porta na cara, segundo jornalista Paulo Generoso", afirmou um internauta no X na noite de 18 de dezembro.

Fundador do Movimento República Curitiba, que surgiu para endossar a Lava-Jato e defendeu a eleição de Jair Bolsonaro em 2018 e 2022, Generoso é sócio de Eduardo Bolsonaro, filho do ex-presidente, em uma empresa aberta nos Estados Unidos. A página do grupo que ele comanda já disseminou conteúdos falsos sobre as urnas eletrônicas e a pandemia da Covid-19. Atualmente, os perfis de Generoso estão suspensos por ordem do Supremo Tribunal Federal (STF), sob acusação de apoiar atos golpistas contra os três Poderes, e não é possível consultar que tipo de mensagem foi passada adiante por ele a respeito de Tomás Paiva naquele período.

Em meio à difusão do relato sobre o suposto encontro entre os dois generais, até uma filha de Villas Bôas veio a público para desmentir a informação. Em resposta a um internauta que a questionou numa rede social sobre "a ida do general Tomás à casa do pai", ela respondeu em tom de incredulidade: "As pessoas acham mesmo que algum MILITAR ameaçaria meu pai? Ainda mais sendo um grande amigo dele?"

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