Paulo Sérgio Nogueira esteve no cargo durante governo do ex-presidente Jair Bolsonaro
O Globo
Alvo da Polícia Federal (PF) em operação realizada nesta quinta-feira para apurar organização criminosa que atuou na tentativa de golpe de Estado e abolição do Estado Democrático de Direito, o ministro da Defesa Paulo Sérgio Nogueira compartilhou texto que classificava a vitória de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) nas eleições do ano passado como "o desastre e a ruína moral da nação e de suas instituições".
Paulo Sérgio Nogueira, então ministro da Defesa, participa de audiência no Senado — Foto: Cristiano Mariz/Agência O Globo/14-07-2022 |
O militar está entre os alvos de mandados de busca e apreensão contra aliados do ex-presidente. Outros investigados são os generais Braga Netto, Augusto Heleno e Stevan Teófilo Gaspar de Oliveira, o ex-ministro da Justiça Anderson Torres, e o presidente do PL, Valdemar Costa Neto.
O texto compartilhado por Nogueira foi escrito pelo general da reserva Luiz Eduardo Rocha Paiva, ex-comandante da Escola de Comando e Estado-Maior do Exército e diretor de geopolítica e conflitos do Instituto Sagres, entidade composta por militares da reserva. A informação foi publicada pelo blog da colunista Malu Gaspar.
O título do artigo, que também foi publicado na página de Rocha Paiva no Facebook, era: “Lula presidente – Ruína moral da nação e das instituições”.
À altura em que compartilhou o texto, Nogueira havia mandado indiretas ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) em uma audiência na Câmara dos Deputados e aumentou a tensão entre os poderes ao reforçar ataques de Jair Bolsonaro à corte em uma reunião ministerial.
O texto compartilhado por Nogueira foi escrito pelo general da reserva Luiz Eduardo Rocha Paiva, ex-comandante da Escola de Comando e Estado-Maior do Exército e diretor de geopolítica e conflitos do Instituto Sagres, entidade composta por militares da reserva. A informação foi publicada pelo blog da colunista Malu Gaspar.
O título do artigo, que também foi publicado na página de Rocha Paiva no Facebook, era: “Lula presidente – Ruína moral da nação e das instituições”.
À altura em que compartilhou o texto, Nogueira havia mandado indiretas ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) em uma audiência na Câmara dos Deputados e aumentou a tensão entre os poderes ao reforçar ataques de Jair Bolsonaro à corte em uma reunião ministerial.
Nogueira afirmou, na ocasião, que não colocava em dúvida o sistema eleitoral, mas que "nenhum sistema é inviolável" e que "as Forças Armadas estavam quietinhas no seu canto" quando foram chamadas pelo TSE para participar de uma comissão técnica para melhorar a segurança e a transparência nas eleições.
Mas, na reunião ministerial no Planalto, Nogueira adotou um tom diferente, corroborando os ataques de Jair Bolsonaro à corte eleitoral e às urnas eletrônicas. Na ocasião, ele reclamou que o TSE não tinha atendido seu pedido para uma reunião específica dos militares com a corte e sugeriu que iria tentar impor um cronograma para que a corte atendesse às sugestões dos militares para o sistema eletrônico de votação.
Operação Tempus Veritatis
De acordo com a PF, no total estão sendo cumpridos 33 mandados de busca e apreensão, quatro mandados de prisão preventiva e 48 medidas cautelares diversas da prisão, que incluem a proibição de manter contato com os demais investigados, proibição de se ausentarem do país, com entrega dos passaportes no prazo de 24 horas e suspensão do exercício de funções públicas. A operação foi batizada de Tempus Veritatis.
Os mandados, expedidos pelo Supremo Tribunal Federal, estão sendo cumpridos nos estados do Amazonas, Rio de Janeiro, São Paulo, Minas Gerais, Mato Grosso do Sul, Ceará, Espírito Santo, Paraná, Goiás e no Distrito Federal. Entre os quatro alvos dos mandados de prisão estão Rafael Martins de Oliveira, Filipe Garcia Martins e Marcelo Costa Câmara.
Nesta fase, as apurações apontam que o grupo investigado se dividiu em núcleos de atuação para disseminar a ocorrência de fraude nas Eleições Presidenciais de 2022, antes mesmo da realização do pleito, de modo a viabilizar e legitimar uma intervenção militar, em dinâmica de milícia digital.
O primeiro eixo consistiu na construção e propagação da versão de fraude nas Eleições de 2022, por meio da disseminação falaciosa de vulnerabilidades do sistema eletrônico de votação, discurso reiterado pelos investigados desde 2019 e que persistiu mesmo após os resultados do segundo turno do pleito em 2022.
O segundo eixo de atuação consistiu na prática de atos para subsidiar a abolição do Estado Democrático de Direito, através de um golpe de Estado, com apoio de militares com conhecimentos e táticas de forças especiais no ambiente politicamente sensível.
O Exército Brasileiro acompanha o cumprimento de alguns mandados, em apoio à Polícia Federal.
"Os fatos investigados configuram, em tese, os crimes de organização criminosa, abolição violenta do Estado Democrático de Direito e golpe de Estado", informou a PF, em nota.