Tanques israelenses que invadiram a principal cidade do sul de Gaza atingiram os portões de dois hospitais na segunda-feira, impedindo que os moradores recebessem atendimento a traumas, à medida que os combates mais sangrentos do ano chegam a áreas que abrigam centenas de milhares de desabrigados.
Por Bassam Masoud e Nidal al-Mughrabi | Reuters
GAZA/DOHA - Os moradores disseram que bombardeio aéreo, terrestre e marítimo foi o mais intenso no sul de Gaza desde o início da guerra, em outubro, enquanto os tanques israelenses atravessavam Khan Younis do leste para as áreas ocidentais próximas à costa do Mediterrâneo.
Fumaça durante operação de Israel em Khan Younis vista de Rafah 22/1/2024 REUTERS/Ibraheem Abu Mustafa |
Pelo menos 50 palestinos foram mortos e 100 ficaram feridos em ataques militares israelenses em Khan Younis desde a noite de domingo, disse o Ministério da Saúde de Gaza.
Imagens de vídeo filmadas de longe mostravam civis dispersos vagando por uma cidade fantasma, repleta de tendas com roupas abandonadas penduradas em varais, enquanto tiros eram disparados e colunas de fumaça subiam ao céu.
Israel lançou uma ofensiva na semana passada para capturar Khan Younis, que agora diz ser a principal base dos militantes do Hamas responsáveis pelos ataques de 7 de outubro ao sul de Israel que mataram 1.200 pessoas, de acordo com os registros israelenses.
A mais nova fase da guerra levou os combates às profundezas dos últimos cantos do enclave, agora repleto de pessoas que fugiram dos bombardeios que mataram pelo menos 25.295 pessoas desde 7 de outubro, informaram as autoridades de saúde de Gaza em uma atualização na segunda-feira.
A maioria dos 2,3 milhões de habitantes de Gaza está agora encurralada em duas cidades, Deir al-Balah e Rafah, ao norte e ao sul de Khan Younis, respectivamente. Eles estão amontoados em prédios públicos e em vastos acampamentos de tendas improvisadas.
O Crescente Vermelho Palestino disse que perdeu todo o contato com sua equipe no hospital Al-Amal em Khan Younis, a principal base da agência de resgate, onde tanques israelenses estavam estacionados do lado de fora.
Mais a oeste, o avanço dos tanques israelenses chegou pela primeira vez ao distrito de al-Mawasi, próximo à costa do Mediterrâneo, isolando o hospital Al-Khair e estacionando nas proximidades da universidade Al-Aqsa, repleta de milhares de civis deslocados.
No hospital Nasser, o único grande hospital ainda acessível em Khan Younis e o maior ainda em funcionamento em Gaza, testemunhas disseram que a ala de trauma estava sobrecarregada com feridos sendo tratados no chão e nos corredores.
As autoridades de saúde disseram que pelo menos 20 cadáveres haviam chegado ao local durante a noite e que esperavam muitos outros mais tarde, já que os tanques nas ruas dificultavam o resgate.
"A ocupação lançou durante a noite uma guerra terrestre e aérea sem precedentes em Khan Younis. As pessoas estão presas perto de Mawasi, as pessoas estão presas no hospital Al-Amal, na Universidade Al-Aqsa. As pessoas estão carregando os mortos e feridos em carroças de burro", disse um médico do hospital Nasser que não quis dar seu nome por medo de represálias.
O porta-voz do Ministério da Saúde de Gaza Ashraf Al-Qidra afirmou em um comunicado que dezenas de mortos e feridos estavam presos em áreas visadas pelas tropas israelenses.
"A ocupação israelense está impedindo que veículos de ambulância se desloquem para recuperar corpos de mártires e feridos do oeste de Khan Younis", disse ele.