Tanques israelenses atacaram nesta quinta-feira áreas próximas a dois hospitais na principal cidade do sul da Faixa de Gaza, Khan Younis, forçando pessoas desalojadas a mais uma busca desesperada por um abrigo seguro, disseram moradores, após ofensiva que Israel diz ter como alvo militantes do Hamas.
Por Fadi Shana, Nidal al-Mughrabi e Dan Williams | Reuters
GAZA/DOHA/JERUSALÉM - Na Cidade de Gaza, no norte do enclave, 20 palestinos foram mortos e 150 feridos quando foram atingidos por um ataque israelense enquanto faziam fila para receber ajuda alimentar, disse Ashraf al-Qidra, porta-voz do Ministério da Saúde de Gaza, administrado pelo Hamas. Os militares israelenses disseram que estavam analisando o relatório.
Fumaça é vista durante operação terrestre israelense em Khan Younis 25/01/2024 REUTERS/Bassam Masoud |
Autoridades de saúde da Faixa de Gaza afirmaram que pelo menos 50 palestinos morreram em Khan Younis nas últimas 24 horas.
A cidade agora está cercada por forças blindadas de Israel e sob incessante fogo aéreo e por terra, de acordo com moradores. Uma grande coluna de fumaça em forma de cogumelo foi vista no céu nesta quinta-feira, em regiões onde Israel fazia as operações.
Médicos palestinos afirmaram que tanques israelenses estavam atingindo alvos próximos aos dois principais hospitais da cidade, o Nasser e o Al-Amal, deixando equipes médicas, pacientes e desalojados presos dentro das instalações ou em locais próximos.
Israel afirma que militantes do Hamas usam as instalações hospitalares como escudos para esconder bases militantes, o que o grupo nega, assim como profissionais médicos.
O cerco de Israel aos principais hospitais de Khan Younis praticamente impossibilitou que equipes de resgate ajudassem os feridos ou coletassem os corpos. Israel afirma que as operações têm como objetivo eliminar militantes do Hamas no reduto deles, no sul do enclave.
A maioria da população de 2,3 milhões de habitantes da Faixa de Gaza está agora espremida em Khan Younis ou em cidades ao sul e ao norte dela, após terem sido forçadas a deixar o norte do território no começo da ofensiva de Israel no território governado pelo Hamas. O ataque das forças israelenses forçou muitos desalojados a rumarem de novo em busca de outros abrigos, disseram médicos e moradores.
Na quarta-feira, a Organização das Nações Unidas (ONU) afirmou que tanques israelenses atingiram um grande complexo do órgão na Faixa de Gaza e que abrigava palestinos desabrigados, matando nove pessoas e ferindo 75. Israel negou ter sido responsável, sugerindo que o Hamas lançou o ataque.
Na quinta-feira, milhares de palestinos que estavam no complexo esperavam para fugir em direção a Rafah, distante 15 km dali e na fronteira sul da Faixa de Gaza. Forças israelenses estabeleceram um prazo até as 17h (horário local) para que o local fosse esvaziado, de acordo com moradores e jornalistas.
Juliette Touma, principal porta-voz da agência da ONU para refugiados palestinos na Faixa de Gaza, confirmou os relatos, estimando que mais de 30 mil desabrigados se aglomeram ali.
Até agora, pelo menos 25.700 pessoas foram mortas na Faixa de Gaza, uma das regiões mais densamente povoadas do mundo, de acordo com autoridades de saúde palestinas. Grande parte das edificações do território foi derrubada nos bombardeios. Israel lançou sua ofensiva para erradicar o Hamas depois de militantes terem invadido seu território no dia 7 de outubro, matando 1.200 pessoas e tomando cerca de 240 reféns.
As forças israelenses disseram que já mataram mais de 9.000 militantes do Hamas e perderam 220 soldados na guerra. A Reuters não pôde confirmar tais dados.
(Reportagem de Nidal al-Mughrabi em Doha, Fadi Shana em Gaza, Dan Williams em Jerusalém, Jonathan Saul em Londres)