A polícia de Israel não encontrou até então vítimas ou testemunhas dos supostos crimes sexuais cometidos por militantes do grupo Hamas durante sua ação transfronteiriça a assentamentos do chamado envelope de Gaza, em 7 de outubro, que resultou na captura de colonos e soldados.
Monitor do Oriente Médio
As informações foram corroboradas pelo jornal israelense Haaretz.
Polícia israelense realiza blitz contra palestinos em Jerusalém ocupada, em 12 de dezembro de 2023 [Spencer Platt/Getty Images] |
Segundo a reportagem: “Mesmo nos pouquíssimos casos em que a polícia amealhou relatos de agressão sexual cometida pelo Hamas durante seu massacre [sic] ao sul de Israel, não conseguiu identificar as vítimas específicas dos atos supostamente testemunhados”.
Conforme o Haaretz, a maioria dos relatos que receberam cobertura nacional e estrangeira — com destaque para reportagens sensacionalistas do jornal americano The New York Times — se baseia no depoimento de uma jovem israelense identificada apenas como S., cujo vídeo editado foi mostrado pela delegação ocupante nas Nações Unidas.
Seu testemunho, contudo, não pôde ser verificado de maneira independente.
Diante de tais empecilhos, afirmou a reportagem, “investigadores da polícia israelense apelaram ao público para encorajar vítimas ou testemunhas a contactá-los”.
Adi Edri, responsável pela investigação sobre a matéria, se recusou a desmentir as alegações, ao insistir que a polícia tem “indícios circunstanciais” de vítimas vivas; no entanto, sem detalhes.
Edri alegou ainda que a vítima conhecida como S. disse testemunhar o “estupro e assassinato de ao menos duas mulheres na festa Nova” — isto é, na rave invadida por combatentes do Hamas. Israel utilizou o incidente para justificar a ofensiva a Gaza; todavia, o próprio Haaretz compilou evidências de que a maior parte das mortes na rave decorreram de “fogo amigo”.
Uma sobrevivente corroborou disparos de um helicóptero Apache israelense ao deixar o local.
“No momento, não tenho corpos específicos”, confirmou Edri, pressionada pelos jornalistas.
As alegações de estupro somam-se a uma série de supostas atrocidades desmentidas ao longo dos últimos três meses. Logo na primeira semana de ofensiva contra Gaza, alegações de “bebês degolados” nos kibutzim foram contestadas por jornalistas israelenses em campo.
As afirmações — cujas únicas fontes são soldados israelenses ou contas oficiais do exército — tomaram as manchetes da imprensa corporativa. Desmentidas, contudo, não houve retratação formal ou divulgação devida de direito de resposta.
A cobertura enviesada representa propaganda de guerra.
Israel mantém ataques a Gaza há três meses, deixando ao menos 22.400 mortos e 57.614 feridos — 70% dos quais mulheres e crianças.
As ações israelenses são punição coletiva, crime de guerra e genocídio.