O Hamas está estudando um plano de cessar-fogo em três fases para Gaza que garantiria a libertação da maioria dos reféns israelenses, mas ainda não obrigaria Israel a encerrar sua guerra contra o grupo militante palestino, disseram fontes com conhecimento da proposta.
Por Jonathan Landay, Maya Gebeily, Andrew Mills e Nidal al-Mughrabi | Reuters
WASHINGTON/BEIRUT/DOHA - A viabilidade do plano formulado por chefes de inteligência dos Estados Unidos, Israel e Egito e pelo primeiro-ministro do Catar dependerá do Hamas, que governa o enclave, concordar ou não com a primeira fase sem o estabelecimento de um fim permanente à guerra -- até agora, uma exigência central do grupo.
Dahlia Cooper pendura foto do sogro que foi sequestrado pelo Hamas Tel Aviv 30/01/2024 REUTERS/Susana Vera |
“Não sabemos e não podemos prever qual será a resposta do Hamas”, disse o xeique Mohammed bin Abdulrahman Al Thani, primeiro-ministro do Catar, na segunda-feira.
O Hamas disse à Reuters em um comunicado nesta terça-feira que a proposta envolveria três fases, incluindo a libertação dos reféns tomados pelo grupo e de prisioneiros palestinos mantidos em Israel. O comunicado corroborou alguns detalhes dos parâmetros fornecidos à Reuters por duas fontes com conhecimento da proposta.
Homens, crianças, idosos e feridos seriam libertados no primeiro estágio, disse o comunicado, e o plano foi enviado à Gaza para obter a opinião dos líderes do Hamas que estão no local. “Em seguida, a liderança do Hamas se reunirá para discutir o documento e expressar sua opinião final sobre ele”, disse o comunicado.
Mais de 100 reféns israelenses ainda estão em cativeiro, após a libertação de um número similar em uma trégua anterior em novembro que incluiu a libertação de dezenas de prisioneiros palestinos.
Versões dos parâmetros do cessar-fogo em fases estão sendo discutidas desde o fim de dezembro, mas Israel não concordou com o conceito até David Barnea, chefe do serviço de inteligência israelense Mossad, se encontrar com seus correspondentes de EUA e Egito e com o xeique Mohammed, em Paris, no domingo.
Fontes egípcias disseram que Catar, Egito e Jordânia garantiriam a adesão do Hamas a qualquer acordo, com EUA e França fazendo o mesmo com o lado israelense. A Reuters não conseguiu estabelecer quais garantias os fiadores poderiam oferecer.
Autoridades israelenses não responderam a um pedido da Reuters por comentário em um primeiro momento.
O líder do Hamas, Ismail Haniyeh, que diz que o grupo está aberto a todas as ideias que levem a um fim da ofensiva de Israel em Gaza, anunciou na terça-feira que visitará o Cairo para discutir o plano.
A primeira fase consistiria em uma pausa nos combates e a libertação de reféns idosos, mulheres civis e crianças, disse uma fonte informada sobre as discussões de Paris e uma segunda fonte com conhecimento profundo das negociações e seus resultados. Grandes entregas de comida e remédios à Gaza, que passa por uma crise humanitária, seriam retomadas, segundo as duas fontes.
As fontes divergiram sobre a duração do primeiro estágio do cessar-fogo, mas duas delas disseram que seria de pelo menos um mês.
(Reportagem adicional de Dan Williams e Ahmed Mohamed Hassan)