O ministro da Defesa de Israel, Yoav Gallant, ameaçou o movimento libanês Hezbollah, ligado ao Irã, durante uma entrevista ao Wall Street Journal, ao afirmar que sua ofensiva indiscriminada a Gaza pode se repetir no Líbano.
Monitor do Oriente Médio
“Estão vendo o que fazemos com Gaza, então saibam bem que podemos copiar e colar nossas ações em Beirute”, declarou Gallant.
Ruínas deixadas por um bombardeio israelense a Deir al-Balah, na Faixa de Gaza, 5 de janeiro de 2024 [Mohammed Fayq/Agência Anadolu] |
“Meu ponto de vista, em suma: combatemos um eixo, não apenas um único inimigo”, declarou Gallant, ao confirmar intenções israelenses de expandir os limites de sua campanha. “O Irã está reunindo força armada em torno de Israel para então usá-la”.
Na sexta-feira (5), após um drone israelense assassinar o vice-líder político do Hamas, Saleh al-Arouri, no subúrbio de Beirute, o secretário-geral do Hezbollah, Hassan Nasrallah, reiterou que seu grupo conduziu ao menos 670 operações contra Israel nos últimos três meses.
“O que está acontecendo na fronteira israelo-libanesa é inédito desde 1948”, alegou Nasrallah, em discurso à televisão. “O inimigo [Israel] não reconhece suas fatalidades ou feridos, parte de sua política de omissão e segredo sobre as perdas desde outubro”.
Gallant confirmou, no entanto, que colonos radicados no norte do território considerado Israel foram evacuados, como preparativo a operações na fronteira.
“Oitenta mil pessoas precisam voltar a suas casas em segurança”, insistiu o ministro, conhecido por sua retórica beligerante. “Estamos dispostos a qualquer sacrifício”.
Tensões na fronteira escalaram desde o início da ofensiva israelense a Gaza, que matou 22.400 palestinos e deixou 57.614 feridos até então — 70% dos quais mulheres e crianças. A campanha israelense é retaliação a uma ação transfronteiriça do Hamas que cruzou a fronteira e capturou colonos e soldados.
Israel e Hezbollah trocam disparos desde então, na maior escalada desde a guerra aberta entre as partes em 2006. Do lado israelense, houve sucessivos disparos de fósforo branco ao território libanês — substância proibida que causa queimaduras graves e danos ambientais.
Nesta segunda-feira (8), disparos de fósforo branco voltaram a ocorrer, em particular contra as colinas de al-Awaida, entre as cidades de Odaisseh e Kfarkela, no extremo sul libanês.
Um drone israelense atingiu um veículo com um míssil teleguiado na rodovia em Khirbet Salim, na mesma região. O ataque deixou feridos e causou incêndio e obstrução da via.
Segundo informações, aviões de guerra israelenses voaram baixo sobre aldeias na fronteira.
Khallet Warda, Marwahin e Blat também foram atacadas.
A crise regional tomou proporções sem precedentes após o assassinato de al-Arouri, na capital libanesa, um dia antes de um atentado a bomba em Kerman, no Irã, durante um memorial nos quatro anos de morte do general Qassem Soleimani, chefe das forças al-Quds, unidade de elite da Guarda Revolucionária.
Soleimani foi morto em Bagdá por um drone americano, em 4 de janeiro de 2020, a mando do então presidente dos Estados Unidos, Donald Trump.
As ações israelenses são punição coletiva, crime de guerra e genocídio.