O ministro das Relações Exteriores de Israel se esquivou de debate sobre a solução de dois Estados para o conflito entre israelenses e palestinos em reunião com correspondentes da União Europeia nesta segunda-feira, optando por exibir vídeos ambiciosos de futuros projetos de infraestrutura.
Por Andrew Gray e John Irish | Reuters
BRUXELAS - O ministro, Israel Katz, estava em Bruxelas para conversas sobre o Oriente Médio com foco principalmente nas consequências do ataque do grupo militante palestino Hamas contra Israel em 7 de outubro e a retaliação israelense contra Gaza.
O ministro Israel Katz em palestra sobre plataforma de gás do maior campo de Israel 1º/08/2023 REUTERS/Ari Rabinovitch |
Os ministros da UE fizeram questão de enfatizar seus apelos por um Estado palestino lado a lado com Israel como parte de um acordo de paz amplo de longo prazo. Mas o governo israelense tem resistido a esses apelos.
Na reunião, Katz mostrou aos ministros vídeos de uma ilha artificial na costa de Gaza e uma rede ferroviária ligando o Oriente Médio à Índia, disseram o chefe de política externa da UE, Josep Borrell, e outros diplomatas europeus.
Borrell deixou claro que não ficou impressionado com a atitude.
"O ministro nos mostrou alguns vídeos que tinham pouco ou nada a ver com as questões que estávamos discutindo", disse Borrell a jornalistas, acrescentando considerar que Katz poderia ter aproveitado melhor seu tempo com os colegas da UE.
Diplomatas afirmaram que os vídeos faziam parte de ideias apresentadas por Katz em um cargo anterior e surpreenderam outras pessoas que estavam na sala.
Os ministros da UE também se encontraram separadamente com seus correspondentes da Arábia Saudita, do Egito e da Jordânia, além do ministro das Relações Exteriores palestino, Riyad al-Maliki, discutindo tanto a crise atual em Gaza quanto o contexto mais amplo do Oriente Médio.
DOCUMENTO DA PAZ
Antes da reunião, Borrell enviou um documento de discussão aos 27 estados-membros da UE, sugerindo um caminho para a paz no conflito entre israelenses e palestinos.
No coração do plano está um chamado para uma "conferência preparatória da paz" a ser organizada pela UE, Egito, Jordânia, Arábia Saudita e pela Liga dos Estados Árabes. EUA e a ONU também seriam convidados para organizar a cúpula.
A reunião desta segunda-feira, no entanto, não pareceu modificar a posição de Israel um dia após o primeiro-ministro, Benjamin Netanyahu, reforçar postura firme contra qualquer Estado palestino, argumentando que ele representaria "um perigo existencial" para Israel.
Ainda assim, Borrell disse que queria avançar com os esforços internacionais para implementar uma solução de dois Estados, embora não tenha explicado como planeja fazê-lo caso Israel continue se opondo a ela.
(Reportagem adicional de Bart Meijer, Tassilo Hummel, Sudip Kar-Gupta)