Construção do Submarino “Humaitá” permitiu a transferência de tecnologia, a utilização de mão de obra brasileira e o desenvolvimento da indústria nacional
Por Edwaldo Costa | Agência Marinha de Notícias
Itaguaí, RJ - A Marinha do Brasil, por intermédio de sua Diretoria-Geral de Desenvolvimento Nuclear e Tecnológico (DGDNTM), entregou ao Setor Operativo da Força, no dia 12 de janeiro, na Base de Submarinos da Ilha da Madeira, o segundo dos quatro submarinos convencionais previstos do Programa de Desenvolvimento de Submarinos (PROSUB). Ele recebe o nome de Humaitá (S41) e opera com propulsão diesel-elétrica.
O Submarino “Humaitá”, fruto de parceria estratégica e cooperação tecnológica com a França, cumpriu um extenso e rigoroso calendário de Testes de Aceitação no porto e no mar e está pronto para iniciar sua vida operativa na Esquadra brasileira.
Ao ser incorporado à Força de Submarinos, o “Humaitá” incrementará, no contexto da Defesa Naval, o poder de combate da Marinha do Brasil na tarefa de “negar o uso do mar”. O submarino contribuirá, ainda, para o aumento do poder de dissuasão da Força Naval, bem como será instrumento de apoio à política externa do País. Também cumprirá outras missões, como patrulhar as Águas Jurisdicionais Brasileiras, que formam a Amazônia Azul, e as áreas marítimas do entorno estratégico do País no Atlântico Sul.
O Ministro da Defesa, José Mucio Monteiro, destacou que a condução competente do PROSUB é digna de um reconhecimento especial, pois suas “entregas” não apenas ampliam e fortalecem nosso Poder Naval, mas também porque elevam a projeção do Brasil como um “ator” cada vez mais relevante no cenário internacional. Mencionou que a incorporação à Armada do Submarino “Humaitá”; a construção dos outros dois submarinos convencionais; e o início das atividades na busca do Submarino Convencionalmente Armado com Propulsão Nuclear (SCPN) acrescentarão dimensão relevante à Defesa Nacional.
“Este fortalecimento de nossas Forças Armadas é que garante as condições para o País manter sua tradicional postura pacífica no complexo ambiente das Relações Internacionais. Uma Marinha forte é essencial para o funcionamento de nossa economia, tendo em vista que é em nossa Amazônia Azul que trafegam 95% das nossas exportações e importações. Há muitas riquezas a se proteger no mar, que podem se traduzir em mais prosperidade e dignidade para o povo brasileiro”, disse o Ministro.
O Comandante da Marinha, Almirante de Esquadra Marcos Sampaio Olsen, explicou que foi um passo bastante audacioso que o País deu com a assinatura da parceria estratégica em 2008. “Os quatro submarinos convencionais atendem precipuamente a uma transferência de tecnologia que nos possibilita construir um Submarino Convencionalmente Armado com Propulsão Nuclear, que certamente permitirá ao País um nível de interlocução compatível com a estatura político-estratégica do Brasil. O País precisa ter condições de monitorar e exercer a proteção das nossas riquezas”, afirmou o Comandante da Marinha.
De acordo com o Diretor-Geral de Desenvolvimento Nuclear e Tecnológico da Marinha, Almirante de Esquadra Petronio Augusto Siqueira de Aguiar, a Marinha conta, a partir de agora, com mais um moderno submarino para atuar em prol da garantia da soberania do Estado brasileiro. “É um investimento para a sociedade brasileira, em soberania e em tecnologia. Já foram gerados mais de 20 mil empregos diretos e cerca de 40 mil empregos indiretos. Além disso, as riquezas da nossa Amazônia Azul ainda são incalculáveis, bem como sua inegável relevância estratégica para os interesses nacionais. Estamos falando de algo grandioso e de extrema importância para o futuro do nosso País”.
Durante a cerimônia ocorreu a assinatura do Termo de Armamento do Submarino, pelo Ministro de Estado da Defesa, pelo Comandante da Marinha, pelo Chefe do Estado-Maior da Armada, pelo Diretor-Geral de Desenvolvimento Nuclear e Tecnológico da Marinha, pelo Comandante de Operações Navais, pelo Comandante do Submarino e pelo Presidente da Itaguaí Construções Navais (ICN), que formalizou a incorporação do Submarino “Humaitá” à Armada e sua transferência para o Setor Operativo da Marinha.
O Chefe do Estado-Maior da Armada (CEMA), Almirante de Esquadra André Luiz Silva Lima de Santana Mendes, explicou que a Marinha do Brasil se sente honrada em celebrar o avanço de mais uma etapa do PROSUB.
“O Submarino ‘Humaitá’ é um importante meio naval que consolida um feito de absorção tecnológica e conhecimento de valor estratégico – está pronto para atuar, de forma plena, em prol da soberania nacional”. O CEMA destacou, ainda, que além da fabricação e lançamento do terceiro e quarto submarinos convencionais, previstos para os próximos anos, a construção e operação do SCPN representará para o Brasil um extraordinário salto em seu arcabouço tecnológico e reposicionará a Defesa Nacional em patamar estratégico relevante à altura da magnitude de um país como o Brasil.
Projetado pela empresa francesa Naval Group, com a participação de engenheiros e técnicos brasileiros, e construído pela ICN, o “Humaitá” tem capacidade operativa de permanecer até 80 dias em patrulha, sendo contemplado com um sistema de propulsão e geração de energia que, conjugado com recursos de redução de ruídos de alta tecnologia, conferem elevado “poder de ocultação” - a principal característica de um submarino. Com sofisticado Sistema de Combate (sensores e armas), aliado às demais características, o submarino é um meio diferenciado e vantajoso quando utilizado em situações diversas.
O presidente da ICN, Renaud Poyet, disse que a empresa foi criada, no âmbito do PROSUB, para atender as construções dos submarinos previstas no programa e também está capacitada para a construção de outros meios navais que sejam de interesse da Marinha do Brasil.
“Estamos construindo o que há de mais moderno no Setor Naval de Defesa mundial. Por meio deste Programa, iniciamos a construção de uma nova classe de submarinos, a Classe Riachuelo – derivada do modelo francês Scorpène. E agora, no município de Iperó, no estado de São Paulo, navegamos a toda velocidade nas atividades de construção do Bloco 40 - o protótipo da planta nuclear que, futuramente, será embarcada no SCPN, primeiro submarino com propulsão nuclear fabricado na América do Sul. Assim, o Brasil ampliará sua capacidade de patrulha e dissuasão, protegendo o vasto e precioso patrimônio do litoral brasileiro”, afirmou Poyet.
O Comandante do Submarino “Humaitá”, Capitão de Fragata Martim Bezerra de Morais Júnior, explica que o S41 é um meio naval indispensável para a Defesa Naval, para atuar, em caso de necessidade, na negação do acesso de embarcações hostis em espaços marítimos de interesse nacional, aumentando os poderes de combate e dissuasório das Forças Armadas brasileiras.
“O submarino ‘Humaitá’ se vale de suas características particulares, notadamente, a capacidade de ocultação e o poder de causar danos a forças navais adversárias, por meio da letalidade de seu armamento, neste caso, torpedos e mísseis. As capacidades operativas do S41 o credenciam para a redução do controle exercido pelo oponente no mar, facilitando a atuação das demais Forças. Permite, ainda, realizar minagem, operações de esclarecimento, coleta de informações de inteligência e infiltração e extração de elementos de operações especiais em águas controladas pelo inimigo”, explicou o Comandante Martim.
O extenso processo de capacitação da primeira tripulação do Submarino “Humaitá” durou cerca de dois anos e foi dividido em três etapas: preliminar, em terra e a bordo. Na capacitação preliminar e em terra, a tripulação foi submetida a um conjunto de aulas teóricas e exercícios em simuladores específicos, visando conhecer o submarino detalhadamente. Na capacitação no mar, destacam-se os rigorosos treinamentos visando à obtenção de pleno conhecimento da condução dos sistemas e equipamentos da plataforma no mar, bem como de sua operação segura. A tripulação do “Humaitá” foi a primeira a ser capacitada nas etapas de treinamento em terra e a bordo pelo Centro de Instrução e Adestramento Almirante Áttila Monteiro Aché.
A execução do PROSUB e as atividades relacionadas aos Submarinos “Tonelero” (S42), “Angostura” (S43) e ao SCPN “Álvaro Alberto” - objeto precípuo do PROSUB -, permanecem em andamento conforme planejadas e avançam em diferentes estágios de prontificação.
A transferência do segundo submarino da Classe “Riachuelo” para o Setor Operativo da Marinha representa mais um importante marco no âmbito do PROSUB, que se consolida como um dos mais importantes Programas Estratégicos do Estado brasileiro.