O líder norte-coreano, Kim Jong Un, pediu na segunda-feira uma emenda constitucional para mudar o status da Coreia do Sul como um Estado separado e advertiu que, embora seu país não busque a guerra, não pretende evitá-la, informou a mídia estatal KCNA na terça-feira (horário local).
Hyunsu Yim | Reuters
SEUL - Em um discurso na Assembleia Popular Suprema, o Parlamento da Coreia do Norte, Kim disse que é sua conclusão final que a unificação com o Sul não é mais possível, enquanto acusa Seul de buscar o colapso do regime e a unificação por anexação.
Líder norte-coreano, Kim Jong Un, participa de sessão da Assembleia Popular Suprema, em Pyongyang 15/01/2024 KCNA via REUTERS |
"Não queremos guerra, mas não temos intenção de evitá-la", disse Kim, segundo a KCNA.
Três organizações que lidam com a unificação e o turismo intercoreano serão fechadas, informou a mídia estatal.
A medida ocorre em um momento em que as tensões se agravaram na Península Coreana recentemente, em meio a uma série de testes de mísseis e a um esforço de Pyongyang para romper com décadas de política e mudar a forma como se relaciona com o Sul.
Analistas têm dito que o Ministério das Relações Exteriores da Coreia do Norte poderia assumir as relações com Seul e, possivelmente, ajudar a justificar o uso de armas nucleares contra o Sul em uma guerra futura.
Ao mesmo tempo que apelou para que a Coreia do Sul fosse designada como o "inimigo número um" na sua Constituição, Kim também disse que uma guerra dizimaria o Sul e daria uma derrota "inimaginável" aos EUA, segundo a KCNA.
Kim disse ainda que, em caso de guerra na península coreana, a Constituição do país deveria refletir a questão da "ocupação", "recaptura" e "incorporação" do Sul no seu território.
Em um relatório para o projeto 38 Norte, sediado nos Estados Unidos, na semana passada, o ex-funcionário do Departamento de Estado Robert Carlin e o cientista nuclear Siegfried Hecker disseram que consideram a situação na Península Coreana mais perigosa do que em qualquer outro momento desde o início de junho de 1950.
"Isso pode parecer excessivamente dramático, mas acreditamos que, assim como seu avô em 1950, Kim Jong Un tomou uma decisão estratégica de entrar em guerra", escreveram. "Não sabemos quando ou como Kim planeja puxar o gatilho, mas o perigo já está muito além das advertências rotineiras de Washington, Seul e Tóquio sobre as 'provocações' de Pyongyang."
Outros observadores foram mais otimistas, entretanto, dizendo que as mudanças simplesmente refletem a realidade e podem ajudar as duas Coreias a normalizar as relações.