O governo iraquiano está iniciando o processo para retirar do país a coalizão militar internacional liderada pelos EUA, informou o gabinete do primeiro-ministro, Mohammed Shia al-Sudani, nesta sexta-feira.
Por Ahmed Rasheed e Phil Stewart | Reuters
Os EUA têm 900 soldados na Síria e 2.500 no Iraque em uma missão que, segundo eles, aconselha e auxilia as forças locais que tentam impedir o ressurgimento do Estado Islâmico, que em 2014 tomou grande parte dos dois países antes de ser derrotado.
Primeiro-ministro do Iraque, Mohammed Shia al-Sudani 28/12/2023 REUTERS/Thaier Al-Sudani/Pool |
O comunicado de Sudani foi feita um dia depois que um ataque dos EUA matou um líder de milícia em Bagdá, provocando a ira de grupos alinhados ao Irã, que exigiram que o governo encerrasse a presença da coalizão no Iraque.
"O governo está definindo a data para o início do comitê bilateral para tomar providências para encerrar permanentemente a presença das forças da coalizão internacional no Iraque", disse um comunicado do gabinete do primeiro-ministro.
O comitê incluiria representantes da coalizão militar, disse uma autoridade do governo.
Os militares dos EUA lançaram o ataque de quinta-feira em retaliação aos recentes ataques contra o pessoal dos EUA, informou o Pentágono.
Grupos de milícias alinhados ao Irã no Iraque e na Síria se opõem à campanha de Israel na Faixa de Gaza e consideram os EUA parcialmente responsáveis.
O primeiro-ministro iraquiano Sudani tem controle limitado sobre algumas facções apoiadas pelo Irã, cujo apoio ele precisou para conquistar o poder há um ano e que agora formam um bloco poderoso em sua coalizão de governo.
"Enfatizamos nossa firme posição de encerrar a existência da coalizão internacional após o fim das justificativas para sua existência", disse Sudani no comunicado.
O Estado Islâmico reivindicou a responsabilidade na quinta-feira por duas explosões no Irã que mataram cerca de 100 pessoas e feriram outras tantas em um memorial para o comandante Qassem Soleimani.
Um conselheiro político próximo ao primeiro-ministro iraquiano disse que Sudani estava sofrendo uma enorme pressão dos poderosos partidos xiitas próximos ao Irã, que buscam acabar com a presença dos EUA no Iraque, e que seu recente comunicado tinha como objetivo "apaziguar os partidos raivosos dentro da coalizão xiita do governo contra os Estados Unidos".
Ainda assim, não ficou claro se o anúncio de Bagdá nesta sexta-feira foi principalmente uma postura para fins políticos internos ou se o comitê recém-anunciado realmente colocaria em movimento um processo inexorável para acabar com a presença militar dos Estados Unidos no Iraque, um objetivo antigo do Irã e de grupos que o Irã apoia.