Palestinos estão vendo pouca trégua no bombardeio israelense que tem destruído Gaza, apesar de Israel ter anunciado uma nova fase “mais direcionada” da sua guerra e da nova tentativa do principal diplomata dos EUA de pedir proteção aos civis durante uma visita.
Por Arafat Barbakh | Reuters
KHAN YOUNIS, Gaza - O ministro da Defesa israelense, Yoay Gallant, disse na quinta-feira que o Exército “fará a transição para uma nova abordagem de combate”, com uma campanha aérea menos intensa, após afirmar que começaria a retirar alguns soldados da Faixa de Gaza.
Soldados e veículos israelenses se movem dentro de Gaza, perto da fronteira com Israel 06/01/2024 REUTERS/Amir Cohen |
No entanto, as famílias continuam procurando os hospitais de Gaza todas as manhãs, carregando parentes feridos durante os bombardeios noturnos e encontrando enfermarias e corredores abarrotados e, às vezes, manchados de sangue. Equipes de resgate chegam para descarregar cadáveres retirados de prédios destruídos.
“Qualquer coisa que se mova é um alvo na Palestina e especialmente em Gaza”, disse Shehada Tabash ao chegar ao Hospital Europeu em Khan Younis, após perder a sobrinha e o primo em um ataque aéreo.
Autoridades sanitárias em Gaza, governada pelo Hamas, disseram mais cedo nesta terça-feira que 126 pessoas foram mortas nas últimas 24 horas, levando o total desde 7 de outubro a 23.210. Ainda há o temor de que haja mais milhares de corpos não contabilizados debaixo dos escombros.
O secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, afirmou que há um “imperativo absoluto” para que Israel faça mais para proteger civis, antes de chegar a Tel Aviv nesta terça-feira para se encontrar com o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu, parte de uma viagem à região.
Em uma reunião com Netanyahu, Blinken “sublinhou a importância de evitar mais danos aos civis e proteger a infraestrutura civil em Gaza”, disse o porta-voz do Departamento de Estado, Matthew Miller, em um comunicado.
Mas para muitos moradores de Gaza, a maioria dos quais desabrigada após três meses de bombardeio que destruiu blocos de apartamentos, escolas, hospitais e até cemitérios, essas palavras soam vazias.
“Estamos sendo bombardeados por aviões (fabricados por) norte-americanos, explodidos com armas norte-americanas, então que Blinken interrompa esse absurdo”, disse Shaban Abad, 45, especialista de tecnologia da informação da Cidade de Gaza que foi deslocado para Khan Younis em um primeiro momento e depois para Rafah, com seus cinco filhos.
“Desde que ele chegou à região, o bombardeio em Gaza, em Rafah, que deveria ser um lugar seguro, não parou. Ele não vê isso?”, acrescentou Abad.
O objetivo declarado de Israel é destruir o Hamas, que matou mais de 1.200 pessoas, a maioria civis, e tomou 240 reféns quando seus soldados cruzaram a fronteira em 7 de outubro, motivando o começo da guerra.
No entanto, embora grande parte do pequeno enclave densamente povoado tenha sido reduzido a cinzas, o grupo militante islâmico ainda está lutando e seus principais líderes continuam foragidos.
(Reportagem adicional de Nidal al-Mughrabi)