Os principais diplomatas dos EUA e da Europa instaram os líderes do Oriente Médio neste domingo a impedir que a guerra de Gaza se espalhe pela região, mas três meses após o início do conflito, o derramamento de sangue deixa claro o tamanho do desafio à medida que Israel avança com a sua ofensiva.
Por Simon Lewis, Nidal al-Mughrabi e Emily Rose | Reuters
AMÃ/CAIRO/JERUSALÉM - O secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, e o principal diplomata da União Europeia, Josep Borrell, estavam em viagens separadas à região na tentativa de evitar as repercussões da guerra no Líbano, na Cisjordânia e nas rotas marítimas do Mar Vermelho, onde os Houthis do Iêmen, aliados do Irã, prometeram continuar ataques até que Israel interrompa a sua campanha no enclave palestino.
Uma criança palestina deslocada, que fugiu de casa devido aos ataques israelenses, brinca perto da fronteira com o Egito, em Rafah, no sul da Faixa de Gaza 07/01/2024 REUTERS/Ibraheem Abu Mustafa |
"Temos um foco intenso em evitar que este conflito se espalhe", disse Blinken no início da sua viagem. Ele esteve na Jordânia no domingo e ainda segue para o Catar, Israel, Cisjordânia, Emirados Árabes Unidos, Arábia Saudita e Egito.
O rei Abdullah da Jordânia pediu a Blinken que use a influência de Washington sobre Israel para pressionar o país por um cessar-fogo imediato, segundo um comunicado do palácio, alertando-o sobre as “repercussões catastróficas” da contínua campanha militar de Israel.
Apesar da preocupação global com a morte e destruição em Gaza e dos apelos generalizados por um cessar-fogo, a opinião pública israelense continua apoiando firmemente a operação de extermínio do grupo Hamas, que governa Gaza, embora o apoio ao primeiro-ministro Benjamin Netanyahu tenha diminuído drasticamente.
Ele não assumiu a responsabilidade pelas falhas de segurança que permitiram que os militantes islâmicos do Hamas atacassem o sul de Israel em 7 de outubro, mas prometeu prosseguir com a ação retaliatória.
Cerca de 1.200 pessoas foram mortas e 240 foram feitas reféns em 7 de outubro, segundo autoridades israelenses. Acredita-se que o Hamas ainda detenha mais de 100 reféns.
Para os israelenses, o dia mais mortal da história do país e os relatos de atrocidades que mais tarde surgiram deixaram a sensação de que a sobrevivência do país estava em jogo.
A ofensiva de Israel matou até agora 22.835 palestinos em Gaza, depois de 111 mortos e 250 feridos terem sido adicionados à contagem nas últimas 24 horas, disseram autoridades de Saúde palestinas neste domingo.
Os combates deslocaram a maior parte dos 2,3 milhões de habitantes de Gaza, deixando muitas casas e infraestruturas civis em ruínas em meio à grave escassez de alimentos, água e medicamentos.
(Reportagem adicional por Nidal al-Mughrabi e Hatem Maher no Cairo, Ali Sawafta e James Mackenzie)