A Coreia do Norte está desenvolvendo inteligência artificial (IA) e aprendizagem automática para tudo, desde como responder à Covid-19 e proteger reatores nucleares até simulações de jogos de guerra e vigilância governamental, apontou um novo estudo.
Por Josh Smith | Reuters
SEUL - As sanções internacionais impostas devido ao programa nuclear podem ter dificultado as tentativas da Coreia do Norte de garantir hardware de IA, mas mesmo assim o país parece estar em busca da recente tecnologia, escreveu o autor do estudo, Hyuk Kim, do Centro James Martin para Estudos de Não Proliferação (CNS, em inglês), na Califórnia.
Bandeira da Coreia do Norte na zona desmilitarizada 19/07/2022 REUTERS/Kim Hong-Ji/Pool |
"Os recentes esforços da Coreia do Norte no desenvolvimento de IA/AA significam um investimento estratégico para reforçar sua economia digital", escreveu Kim no relatório publicado nesta terça-feira pelo projeto 38 North, a partir de informações de fonte aberta, incluindo a mídia estatal e periódicos.
Alguns dos pesquisadores de IA da Coreia do Norte colaboraram com acadêmicos estrangeiros, inclusive da China, disse o relatório.
A Coreia do Norte criou o Instituto de Pesquisa de Inteligência Artificial em 2013 e, nos últimos anos, várias empresas promoveram produtos comerciais com IA, segundo o estudo.
A tecnologia de comunicação é fortemente restrita e monitorada no país.
Durante a pandemia da Covid-19, a Coreia do Norte usou a IA para criar um modelo para avaliar o uso adequado de máscaras e priorizar os indicadores de sintomas clínicos de infecção, disse Kim no relatório.
Cientistas norte-coreanos também publicaram pesquisas sobre o uso de IA para manter a segurança de reatores nucleares, acrescentou o relatório.
O órgão de vigilância nuclear da ONU e especialistas independentes disseram no mês passado que um novo reator no complexo nuclear de Yongbyon, na Coreia do Norte, parece estar operando pela primeira vez, o que significaria outra fonte potencial de plutônio para armas nucleares.
O desenvolvimento da IA apresenta muitos desafios, escreveu Kim.
"Por exemplo, a busca da Coreia do Norte por um programa de simulação de jogos de guerra usando (aprendizagem automática) revela intenções de compreender melhor os ambientes operacionais contra adversários em potencial", escreveu ele.
"Além disso, as colaborações contínuas da Coreia do Norte com acadêmicos estrangeiros são motivo de preocupação para o regime de sanções."