Defesa do jornalista diz que solicitação é 'um atentado à Constituição e aos direitos humanos'
Mônica Bergamo | Folha de S.Paulo
A Conib (Confederação Israelita do Brasil) ingressou na Justiça de São Paulo pedindo que as contas do jornalista Breno Altman, fundador do site Opera Mundi, em diversas redes sociais sejam suspensas por causa de publicações sobre a guerra entre Israel e Hamas.
O jornalista Breno Altman durante debate realizado na sede da Folha, em São Paulo - Keiny Andrade - 11.nov.2019/Folhapress |
O jornalista tem emitido posicionamentos contrários à atuação do Estado israelense no conflito em Gaza.
A ofensiva, protocolada na Vara Criminal da Capital do estado de São Paulo, também solicita, sob pena de prisão preventiva, que Altman seja impedido de participar de lives, vídeos ou manifestações que tenham "o mesmo cunho e objetivo de intolerância e de incitação à violência".
O pedido engloba as plataformas digitais TikTok, YouTube, Instagram, X (antigo Twiter) e Facebook.
Em novembro, a 16ª Vara Cível de São Paulo determinou a suspensão de sete publicações do jornalista, que é judeu, atendendo a uma de outra ação, também apresentada pela Conib. Agora, a entidade argumenta que ele continuou a fazer posts e, portanto, desrespeitou a Justiça.
"Entretanto — mesmo havendo decisão judicial cível impondo que cesse seus ataques — o indigitado acusado somente aumentou seu tom de agressividade, sugestionando que os judeus ou sionistas devem ser tratados como inimigos da humanidade", diz a denúncia.
O advogado Pedro Serrano, que defende Altman, afirma que o pedido da Conib é "um atentado à Constituição, aos direitos humanos e à própria civilização". "É algo muito grave. Pode-se divergir do conteúdo [defendido pelo jornalista], mas não do direito de expressá-lo", diz.
Na ação, a Conib também ressalta que o MPF (Ministério Público Federal) abriu uma investigação contra o jornalista — a ABI (Associação Brasileira de Imprensa) classificou a decisão como "evidente assédio a um jornalista crítico".
Em um dos posts citado na ação, Altman faz críticas ao sionismo.
"O embate contra o sionismo não é apenas uma disputa de ideias, mas batalha de vida ou morte para o povo palestino. Os dirigentes sionistas, em todos os países, incluindo o Brasil, devem ser tratados como inimigos dos povos, como colonialistas, como párias a serem marginalizados", escreveu o jornalista na rede social X em 2 de janeiro.
"Quando o implicado Breno Altman afirma que os dirigentes sionistas devem ser tratados como ‘inimigos dos povos’, ‘colonialistas’ e ‘párias a serem marginalizados’, suas declarações se tornam ainda mais carregadas de conotações negativas e perigosas. O uso desses termos carrega uma forte carga emotiva e incita não apenas à violência, mas também à discriminação e marginalização", afirma a entidade.
A Conib também cita uma entrevista de Altman dada ao programa "ICL Notícias" em que ele criticou a própria entidade. A confederação diz ainda que as declarações do jornalista "criam um ambiente propício para a disseminação de ódio, intolerância e violência contra os judeus em geral", além de alimentar estereótipos antissemitas.
"Diante da urgência da situação, clama-se pelo acolhimento do ora pretendido, visando proibir que o requerido continue a incitar violência em suas redes sociais e em suas entrevistas", solicita a ação.
O jornalista recentemente lançou o livro "Contra o Sionismo: Retrato de uma Doutrina Colonial e Racista" (Alameda Editorial), e já havia dito, mesmo após a primeira decisão judicial, que seguiria se manifestando em defesa do povo palestino.
Hitler queimou livros, para impedir que a verdade fosse divulgada. Judeus nazistas, hoje, querem apagar as mídias sociais, com o mesmo propósito de Hitler.
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