A China e os Estados Unidos tiveram em Bangcoc conversas consideradas "francas e substanciais" por Pequim, focadas em questões sensíveis como Taiwan e os ataques dos rebeldes huthis do Iêmen no Mar Vermelho.
France Presse
O ministro de Relações Exteriores chinês, Wang Yi, e o assessor de Segurança Nacional da Casa Branca, Jake Sullivan, conversaram por cerca de 12 horas ao longo de dois dias, indicou neste sábado (27) uma alta funcionária da Casa Branca.
O conselheiro de Segurança Nacional da Casa Branca, Jake Sullivan, e o ministro das Relações Exteriores da China, Wang Yi © Fabrice COFFRINI |
Segundo ela, o encontro deve resultar em uma ligação "durante a primavera" (do hemisfério norte, outono no Brasil) entre o presidente chinês, Xi Jinping, e o presidente americano, Joe Biden.
A China afirmou neste sábado que as discussões foram "francas e substanciais".
Do mesmo modo, a Casa Branca disse que o encontro fazia "parte dos esforços para manter linhas de comunicação abertas e gerenciar de forma responsável a competição" entre as duas potências.
Pequim e Washington travaram disputas nos últimos anos sobre questões como tecnologia, comércio, direitos humanos, o status de Taiwan e a soberania do Mar do Sul da China.
Após um período particularmente tenso no início de 2023, os dois governos mostram disposição para continuar o diálogo, mas as áreas de atrito persistem.
- Irã -
Os Estados Unidos esperam que a China use sua "influência" sobre o Irã para "impedir" os ataques dos huthis do Iêmen, apoiados por Teerã, contra navios no Mar Vermelho, afirmou a fonte americana, que pediu anonimato.
"Pequim nos diz que levantou a questão com o Irã, mas observamos o que está acontecendo na realidade, e esses ataques parecem continuar", acrescentou em uma conversa com jornalistas.
O assessor de segurança nacional dos EUA também mencionou durante a reunião com Wang Yi a "profunda preocupação" de Washington com as últimas manobras da Coreia do Norte.
Os americanos desejam conversar com o vice-ministro de Relações Exteriores da China, que visitou a Coreia do Norte, quando retornar.
- 'O maior desafio' -
O tema mais delicado continua sendo Taiwan, a ilha que a China considera parte de seu território.
Pequim acusa os Estados Unidos, que não reconhecem oficialmente Taiwan e não apoiam a independência da ilha, de serem o principal fornecedor de armas e apoiador das autoridades taiwanesas.
"O maior desafio para as relações sino-americanas é o movimento que defende a independência de Taiwan", destacou Wang Yi para Sullivan, indicou Pequim em seu comunicado.
"Os Estados Unidos devem [...] implementar concretamente seu compromisso de não apoiar a independência de Taiwan e apoiar a reunificação pacífica da China", acrescentou o ministro.
As eleições presidenciais em Taiwan, realizadas em janeiro, tensionaram ainda mais os laços entre as duas potências.
As autoridades chinesas criticaram fortemente o presidente eleito, Lai Ching-te, de um partido que tem defendido uma separação formal de Taiwan da China continental, enquanto Washington parabenizou o povo taiwanês.
Sullivan "destacou a importância de manter a paz e a estabilidade no Estreito de Taiwan", de acordo com o comunicado da Casa Branca.
Durante as conversas realizadas nesta sexta e sábado, os dois países também reafirmaram o desejo de manter um diálogo sobre inteligência artificial na primavera boreal (outono no Brasil) e saudaram os avanços na cooperação na luta contra as drogas.