O governo da Venezuela acusou nesta quarta-feira(6) o presidente da Guiana, Irfaan Ali, de dar "luz verde" a bases militares dos Estados Unidos em Essequibo, território rico em petróleo, o qual disputa com seu vizinho.
France Presse
"De maneira irresponsável deu luz verde à presença do Comando Sul dos Estados Unidos no território de Guiana Essequiba, sobre o qual Guiana mantém uma ocupação de fato", indicou em referência a Ali um comunicado divulgado pela Chancelaria, que "condenou" declarações feitas na noite de terça-feira pelo governo de Guiana.
Vista aérea do rio Esequibo, na Guiana, em 12 de abril de 2023 © Martín SILVA |
"Venezuela denuncia ante a comunidade internacional, e especialmente ante a Comunidade de Estados Latino-americanos e Caribenhos (Celac), a atitude imprudente de Guiana, que atuando sob o mandato da transnacional americana Exxon Mobil, está abrindo a possibilidade de instalação de bases militares a uma potencia imperial", acrescentou o documento.
Ali considerou uma "ameaça direta" o anúncio de terça-feira feito por seu colega da Venezuela, Nicolás Maduro, sobre a criação de uma província venezuelana em Essequibo e a decisão de que a estatal petroleira venezuelana PDVSA conceda licenças para a exploração de petróleo, gás e minerais nesta região de 160.000 km2, administrada por Georgetown.
O presidente guianense anunciou que recorrerá ao "Conselho de Segurança das Nações Unidas para que esse organismo tome as medidas apropriadas" e que estabeleceu comunicação com "aliados bilaterais" como Estados Unidos, Brasil, Reino Unido e França.
"A Força de Defesa de Guiana está em alerta máximo e se colocou em contato com sua homólogos militares, incluindo o Comando Sul dos Estados Unidos", disse Ali.
Venezuela sustenta que Essequibo faz parte de seu território, como em 1777 quando era colônia de Espanha, e apela ao Acordo de Genebra, firmado em 1966 antes da independência da Guiana do Reino Unido, que marcou as bases para uma solução negociada e anulou uma decisão de 1899 que definiu os limites atuais.
Guiana defende essa decisão e pede que seja ratificada pela Corte Internacional de Justiça (CIJ), cuja jurisdição Caracas não reconhece.
"Venezuela (...) insta o governo de Guiana a desistir de sua equivocada, ameaçadora e arriscada conduta e a retomar o caminho do diálogo direto, através do Acordo de Genebra", pediu o comunicado da Chancelaria venezuelana.