Autoridades pedem que Israel e Hamas interrompam cenas "apocalípticas" enquanto palestinos buscam inutilmente segurança.
Al Jazeera
Autoridades da ONU alertaram que o risco de "atrocidades" está crescendo em Gaza, com os palestinos presos em "horror profundo" à medida que Israel intensifica seu ataque ao enclave.
Israel intensificou e ampliou seu ataque a Gaza. (Jack Guez/ AFP) |
Falando em uma entrevista coletiva na quarta-feira, Volker Türk, alto comissário da ONU para os Direitos Humanos, pediu a Israel, ao Hamas e a atores internacionais com influência que evitem "crimes atrozes", já que o avanço de Israel no sul de Gaza deixa palestinos deslocados sem ter para onde correr.
"Os palestinos em Gaza estão vivendo em um horror total", continuou Türk, descrevendo o deslocamento e a privação sistêmica de milhões de palestinos, que estão sobrevivendo em condições inseguras, superlotadas e insalubres sem segurança.
"Meus colegas descrevem a situação como 'apocalíptica'. Nessas circunstâncias, há um risco elevado de crimes atrozes", afirmou.
A agência da ONU para refugiados palestinos (UNRWA) ecoou suas palavras, alertando que a situação em Gaza está "piorando a cada minuto".
"Outra onda de deslocamentos está em andamento em Gaza", disse a UNRWA em um post no X, classificando o enclave como "um dos lugares mais perigosos do mundo".
Falando pouco antes do Dia dos Direitos Humanos, em 10 de dezembro, Türk observou que a história mostrou como um "desrespeito cínico" pelos direitos humanos pode levar a eventos que o mundo declarou que "nunca mais" deveriam acontecer.
Também corre o risco de resultar em impunidade, acrescentou, pedindo que todas as alegações de crimes de guerra contra civis e reféns cometidos por Israel ou pelo Hamas sejam investigadas.
Observando também a escalada "alarmante" da "violência militarizada" na Cisjordânia ocupada e em Jerusalém Oriental, Türk instou "as autoridades israelenses a tomarem medidas imediatas para acabar com a impunidade generalizada de tais violações".
O funcionário da ONU observou assassinatos ilegais, violência agressiva de colonos, aumento de detenções arbitrárias, maus-tratos, violência sexual e um aumento alarmante de mortes sob custódia de palestinos.
As alegações de crimes sexuais cometidos por combatentes do Hamas durante o ataque de 7 de outubro no sul de Israel também devem ser totalmente investigadas "para garantir justiça para as vítimas", continuou.
"A violência e a vingança só levarão a mais violência", disse. "A única solução é acabar com a ocupação e alcançar uma solução de dois Estados."
A comunidade internacional deve unir-se "a uma só voz", para exigir um cessar-fogo imediato por razões humanitárias.
Pelo menos 16.248 palestinos foram mortos em Gaza desde que Israel lançou sua retaliação ao ataque do Hamas ao sul de Israel em 7 de outubro, de acordo com as autoridades do enclave. Em Israel, o número oficial de mortos é de cerca de 1.200.
Este ano marca o 75º aniversário da Declaração Universal dos Direitos Humanos, que foi adotada em 10 de dezembro de 1948.