Dezenas de milhares de famílias palestinas já desalojadas voltaram a fugir, nesta quinta-feira, em um novo êxodo em massa no centro de Gaza, onde as forças israelenses, que estão montando um grande avanço, bombardearam áreas repletas de pessoas expulsas do norte.
Por Nidal al-Mughrabi e Bassam Masoud | Reuters
CAIRO/GAZA - Mais ao sul, as forças israelenses atingiram a área em torno de um hospital no coração de Khan Younis, a principal cidade do sul da Faixa de Gaza, onde os moradores temiam um novo avanço terrestre em território lotado de famílias que ficaram desabrigadas em 12 semanas de guerra.
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Palestinos feridos por ataque israelense em Khan Younis 28/12/2023 REUTERS/Ahmed Zakot |
Israel intensificou sua guerra terrestre em Gaza de forma acentuada desde pouco antes do Natal, apesar dos apelos públicos de seu aliado mais próximo, os Estados Unidos, para que a campanha fosse reduzida nas últimas semanas do ano.
O foco principal dos combates está agora nas áreas centrais ao sul dos pântanos que dividem a Faixa, onde as forças israelenses ordenaram que os civis saíssem enquanto seus tanques avançavam.
Dezenas de milhares de pessoas que fugiram dos enormes distritos de Nusseirat, Bureij e Maghazi, na região central de Gaza, estavam indo para o sul ou para oeste na quinta-feira, para a já sobrecarregada cidade de Deir al-Balah, ao longo da costa do Mediterrâneo, aglomerando-se em acampamentos de tendas improvisadas construídas às pressas.
"Mais de 150.000 pessoas - crianças pequenas, mulheres carregando bebês, pessoas com deficiência e idosos - não têm para onde ir", disse a principal organização da ONU que opera em Gaza, a UNRWA, em uma postagem na mídia social, condenando o que chamou de "deslocamento forçado" sob as ordens de retirada israelenses.
A parte oriental de Bureij foi palco de combates pesados na manhã de quinta-feira, com tanques israelenses avançando pelo norte e pelo leste, disseram moradores e militantes.
"Esse momento chegou, eu queria que isso nunca acontecesse, mas parece que o deslocamento é obrigatório", afirmou Omar, de 60 anos, contando ter sido forçado a se mudar com pelo menos 35 membros da família.
"Estamos agora em uma tenda em Deir al-Balah por causa dessa brutal guerra israelense", disse ele à Reuters por telefone, recusando-se a dar um segundo nome por medo de represálias. "Israel está matando médicos, influenciadores de mídia social, jornalistas e civis."
Yamen Hamad, que vive em uma escola em Deir al-Balah desde que fugiu do norte, disse que os novos refugiados que chegavam de Bureij e Nusseirat estavam montando barracas onde quer que houvesse terreno aberto. Alguns fugiram de áreas para as quais Israel os havia alertado, outros vieram sem esperar por um aviso.
Com a comida acabando, ele disse que fez uma viagem perigosa até Rafah, perto da fronteira egípcia, para comprar um saco de 25 kg de farinha para sua família.