É preciso haver um fim imediato ao conflito em Gaza, mas os governos ao redor do mundo não tratam a questão como uma prioridade, afirmou o ministro das Relações Exteriores da Arábia Saudita nesta sexta-feira em Washington, acrescentando que também é necessário um roteiro crível para estabelecer um Estado palestino.
Por Humeyra Pamuk e Jonathan Landay | Reuters
WASHINGTON - Numa conferência de imprensa conjunta antes da reunião com o secretário de Estado dos Estados Unidos, Antony Blinken, um grupo de ministros das Relações Exteriores da região se recusou a discutir em detalhe o futuro de Gaza, dizendo que o foco deveria ser parar imediatamente os combates no enclave palestino entre militantes do Hamas e os militares israelenses.
Ministro das Relações Exteriores saudita, Faisal bin Farhan 29/11/2023 REUTERS/Brendan McDermid |
"Nossa mensagem é consistente e clara de que acreditamos que é absolutamente necessário encerrar o conflito imediatamente”, disse o ministro das Relações Exteriores saudita, Faisal bin Farhan.
“Um dos fatos mais perturbadores deste conflito é que encerrar o conflito e os combates não parece ser a principal prioridade” para o mundo, acrescentou.
“Também precisamos ter um aumento significativo de auxílio humanitário”, continuou, ressaltando que é “inaceitável” que o auxílio “esteja sendo restringido e tenha sido restringido” por “obstáculos burocráticos”.
Uma votação do Conselho de Segurança da ONU sobre a demanda de um cessar-fogo humanitário imediato na guerra Israel-Hamas foi adiada por várias horas nesta sexta-feira, até depois da reunião planejada de Blinken com os ministros árabes e o ministro das Relações Exteriores da Turquia. O Comitê Ministerial Árabe-Islâmico é composto por ministros da Arábia Saudita, Egito, Catar, Jordânia, Autoridade Palestina e Turquia.
Os Estados Unidos – com poder de veto no Conselho de Segurança da ONU – têm dito que atualmente não apoiam novas ações por parte do órgão de 15 membros sobre o conflito. O conselho apelou no mês passado a pausas nos combates para permitir o acesso à ajuda.
Estados Unidos e Israel opõem-se a um cessar-fogo porque acreditam que isso só beneficiaria o Hamas. Em vez disso, Washington apoia pausas nos combates para proteger os civis e permitir a libertação de reféns feitos pelo Hamas num ataque mortal de 7 de Outubro contra Israel.
Em resposta ao ataque, Israel tem bombardeado Gaza e enviou tropas no que diz ser uma operação para destruir o Hamas.
O vice-embaixador dos EUA à ONU, Robert Wood, disse ao Conselho de Segurança mais cedo nesta sexta que, embora os Estados Unidos apoiem veementemente uma paz duradoura em Gaza, “não apoiamos os apelos por um cessar-fogo imediato”.
O chanceler da Jordânia, Ayman Safadi, disse na entrevista coletiva que se a resolução fracassar nesta sexta, estaria se dando uma licença a Israel "para continuar com o seu massacre".
“Nossa prioridade por enquanto é parar a guerra, parar a matança, parar a destruição da infra-estrutura de Gaza”, disse Safadi.