Cerca de 1,9 milhão de pessoas precisaram se mover no território; agência das Nações Unidas alerta para falta de segurança
Mia Alberti | CNN
Cerca de 1,9 milhão de pessoas, o equivalente a mais de 80% da população total da Faixa de Gaza, foram deslocadas desde o início da guerra entre Hamas e Israel, informou a Agência das Nações Unidas para os Refugiados Palestinos (UNRWA) nesta segunda-feira (4).
Destroços de casas destruídas por ataques israelenses na Faixa de Gaza | Fadi Shana/Reuters (28.nov.23) |
Os deslocados são pessoas que se movimentaram dentro de seu próprio país pelos mesmos motivos de um refugiado, mas que não atravessaram uma fronteira internacional para buscar proteção.
Desse montante, quase 1,2 milhões de pessoas estão abrigadas em 156 instalações da UNRWA em toda a Faixa de Gaza. A grande maioria, quase um milhão de pessoas, está abrigada em instalações no centro e no sul do território, em locais como Khan Younis e Rafah.
“O número médio de deslocados internos nos abrigos da UNRWA é de 10.326, mais de quatro vezes a sua capacidade”, afirmou a agência.
Thomas White, diretor de assuntos da UNRWA em Gaza, ressaltou que “outra onda de deslocamentos” está ocorrendo e que a situação humanitária está piorando à medida que as Forças de Defesa de Israel (FDI) intensificam as operações no sul de Gaza, incluindo em Rafah, onde centenas de milhares de palestinos foram deslocados.
“As pessoas estão implorando por conselhos sobre onde encontrar segurança. Não temos nada para dizer a eles”, disse White no X, antigo Twitter.
“As estradas que levam ao sul em direção a Rafah estão ‘entupidas’ de carros e carroças puxadas por burros lotadas de pessoas e seus escassos bens”, adicionou.
A agência da ONU pontuou que 218 pessoas deslocadas internamente foram mortas e 901 ficaram feridas enquanto se refugiavam nas instalações da UNRWA. A organização também afirmou que 111 dos seus funcionários foram mortos desde 7 de outubro.
Em 2 de dezembro, a agência “conseguiu verificar que 117 incidentes ocorreram em 85 instalações da UNRWA desde o início da guerra; 30 instalações foram atingidas diretamente e 55 sofreram danos colaterais. Além disso, a UNRWA recebeu relatórios dos militares uso de suas instalações”, disse a organização.
Entre 20 de novembro e 2 de dezembro, 9 dos 22 centros de saúde da UNRWA estavam operacionais no centro e sul de Gaza, onde 284 profissionais de saúde atenderam mais de 30 mil pacientes.