O líder do Hamas fez sua primeira visita ao Egito em mais de um mês, nesta quarta-feira, uma rara intervenção pessoal na diplomacia em meio ao que uma fonte descreveu como negociações intensas sobre um novo cessar-fogo para permitir que ajuda chegue a Gaza e para libertar reféns.
Por Nidal al-Mughrabi, Bassam Masoud e Dan Williams | Reuters
CAIRO/GAZA/JERUSALÉM - O líder do Hamas Ismail Haniyeh, que normalmente reside no Catar, costuma intervir publicamente na diplomacia somente quando o progresso parece provável. Ele viajou pela última vez ao Egito no início de novembro, antes do anúncio do único acordo sobre um cessar-fogo na guerra até o momento, uma pausa de uma semana durante a qual mais de 100 reféns foram libertados.
Soldado israelense na Faixa de Gaza 20/12/2023 Divulgação via REUTERS |
Uma fonte informada sobre as negociações disse que os enviados estavam discutindo quais dos reféns ainda mantidos por militantes em Gaza poderiam ser libertados sob um novo acordo de trégua e quais prisioneiros Israel poderia libertar em troca.
Israel estava insistindo para que todas as mulheres e homens enfermos restantes entre os reféns fossem libertados, disse a fonte, que não quis ser identificada. Os palestinos condenados por crimes graves poderiam estar na lista de prisioneiros a serem libertados.
A fonte descreveu as negociações como intensas e disse que um avanço poderia ser possível dentro de alguns dias.
Uma autoridade palestina afirmou que Haniyeh estava interessado em ouvir as autoridades egípcias para uma possível nova abordagem e observou que a posição oficial do Hamas era rejeitar qualquer novo cessar-fogo temporário e exigir uma interrupção permanente dos combates.
"A posição do Hamas continua sendo a de não desejar pausas humanitárias. O Hamas quer o fim completo da guerra israelense em Gaza", disse a autoridade palestina.
"Haniyeh e o Hamas sempre apreciam o esforço egípcio. Ele está no Cairo hoje para ouvir se Israel fez novas propostas ou se o Cairo também tem algumas. É cedo para falar de expectativas."
Um autoridade de alto escalão israelense repetiu a posição do governo de que a guerra só poderia terminar com a libertação de todos os reféns e a destruição do Hamas: "Como disse o primeiro-ministro, a guerra terminará com a vitória total."
As negociações ocorrem no momento em que Israel enfrenta uma pressão cada vez maior de seus aliados internacionais para conter uma campanha em Gaza que devastou grande parte do enclave costeiro em retaliação a uma onda de assassinatos do Hamas em 7 de outubro.
Washington, o aliado mais próximo de Israel, pediu publicamente na semana passada que Israel reduzisse sua guerra total para uma campanha mais direcionada contra os líderes do Hamas e acabasse com o que o presidente dos EUA, Joe Biden, chamou de "bombardeio indiscriminado".