ABI classifica como intimidação a apuração aberta pela PF
Folha de S.Paulo
São Paulo - A ABI (Associação Brasileira de Imprensa) emitiu nota neste sábado (30) em que classifica como intimidação uma investigação aberta pela PF (Polícia Federal) contra o jornalista Breno Altman por críticas a Israel.
A apuração sobre Altman, que é editor do site Opera Mundi, foi revelada pelo Brasil 247. O jornalista tem emitido posicionamentos contrários à atuação de Israel na guerra em Gaza e recentemente lançou o livro "Contra o Sionismo: Retrato de uma Doutrina Colonial e Racista" (Alameda Editorial).
A ABI diz que a determinação do MPF (Ministério Público Federal) para a abertura da apuração devido a uma reclamação da Conib (Confederação Israelita do Brasil) se baseia em queixa feita "de forma enviesada".
"Confundir as posições antissionistas de Altman – cidadão judeu – com crime de antissemitismo é fazer o jogo dos que defendem o genocídio que o governo de Israel comete na Palestina, ao provocar milhares de assassinatos, inclusive de inocentes crianças", afirma a ABI.
A entidade diz que a investigação soa como "evidente assédio a um jornalista crítico". "Uma tentativa de calá-lo com ameaça de um processo criminal, o que é inconcebível no Estado democrático de Direito, que todos nós jornalistas sempre nos empenhamos em defender, notadamente nos últimos anos", acrescenta.
Altman se manifestou sobre o fato em rede social e questiona a abertura do inquérito. "Fui ameaçado de agressão física por um grupo de sionistas. A ABI reclamou ao ministro Flávio Dino, que considerou não ser caso para a PF, repassando-o para a polícia paulista. A Conib me acusa de 'injúria racial' por críticas ao sionismo. Agora a PF investiga. Isso é razoável e coerente?"