O general Mousavi, morto em uma fazenda nos arredores de Damasco, estaria envolvido no armamento do Hezbollah. Autoridades israelenses disseram que estavam se preparando para uma possível retaliação.
Por Ronen Bergman e Érico Nagourney | The New York Times
O Irã acusou Israel nesta segunda-feira de matar uma figura militar de alto nível em um ataque com mísseis na Síria, em um momento em que crescem as preocupações de que a guerra em Gaza possa se transformar em um conflito regional.
O iraniano assassinado foi identificado como o brigadeiro-general Sayyed Razi Mousavi, conselheiro sênior da Guarda Revolucionária Islâmica do Irã. Ele teria ajudado a supervisionar o envio de mísseis e outras armas para o Hezbollah, a força militar apoiada pelo Irã no Líbano e na Síria que é um adversário frequente de Israel.
Israel, adotando sua postura habitual, se recusou a comentar diretamente a acusação do Irã de que estaria por trás do assassinato. Mas o ministro da Defesa de Israel, Yoav Gallant, disse na terça-feira que o país já estava "em uma guerra de várias frentes" e "sob ataque de sete teatros", citando Gaza, Cisjordânia, Líbano, Síria, Iraque, Iêmen e Irã.
"Já respondemos e agimos em seis desses teatros", disse ele aos parlamentares.
Israel está travando uma grande guerra em Gaza e escaramuçando com combatentes do Hezbollah em sua fronteira norte com o Líbano. E no Mar Vermelho, em resposta ao conflito de Gaza, as forças houthis do Iêmen - também apoiadas pelo Irã - têm ampliado o conflito atacando embarcações.
Ao confirmar o assassinato do general Mousavi, em uma fazenda nos arredores de Damasco, o Hezbollah o descreveu como um "irmão querido". A agência de notícias semioficial iraniana Fars disse que Israel "pagará por este crime sem dúvida". Vários meios de comunicação disseram que ele foi morto na segunda-feira.
Com o Irã e o Hezbollah acusando Israel, as Forças Armadas israelenses foram colocadas em alerta máximo no domingo pela perspectiva de retaliação iraniana, disse uma autoridade militar. Os militares, disse o funcionário, esperam o possível uso de foguetes ou drones lançados da Síria e do Líbano contra Israel.
E mais fechamentos de estradas eram esperados no norte de Israel, onde algumas rotas já haviam sido fechadas por causa dos combates com o Hezbollah.
O general Mousavi foi descrito como tendo sido um associado próximo do major-general Qassim Suleimani, um comandante de inteligência de segurança iraniano altamente popular que foi morto por um ataque dos EUA em Bagdá em 2020. Ao anunciar a morte do general Mousavi, Fars publicou uma foto dele e do general Suleimani posando juntos.
Vivian Yee, Hwaida Saad e Aaron Boxerman contribuíram com reportagens.