O partido governista da Hungria apresentou uma resolução ao Parlamento do país nesta quarta-feira pedindo ao governo que não apoie o início das discussões sobre a adesão da Ucrânia à União Europeia, enquanto Budapeste aumenta a pressão sobre Bruxelas antes de uma cúpula crucial na próxima semana.
Por Boldizsar Gyori, Krisztina Than e Gergely Szakacs | Reuters
BUDAPESTE - O primeiro-ministro da Hungria, Viktor Orbán, alertou que os líderes da UE podem não chegarem a um consenso sobre o início das conversas com a Ucrânia e disse que a questão não deveria ser colocada na agenda da cúpula.
Primeiro-ministro da Hungria, Viktor Orbán, discursa durante congresso de seu partido em Budapeste 18/11/2023 REUTERS/Bernadett Szabo |
A desconfiança em relação a Orbán está em alta em Bruxelas, após disputas durante seus 13 anos no poder sobre os direitos dos homossexuais e dos migrantes na Hungria, bem como sobre o controle mais rígido do Estado sobre os acadêmicos, os tribunais e a mídia. Isso resultou no congelamento de bilhões de euros de fundos da UE para o país.
"A política de expansão da União Europeia deve continuar sendo um processo objetivo baseado em regras e desempenho", disse a resolução parlamentar apresentada pelo partido governista.
"O início das discussões de adesão com a Ucrânia deve ser baseado em um consenso entre os Estados-membros da União Europeia... As condições para isso não estão presentes hoje."
A resolução afirma que os líderes da UE devem primeiro fazer uma avaliação completa de como a possível adesão da Ucrânia afetaria a coesão e as políticas agrícolas dentro do bloco, das quais os membros mais pobres da UE, incluindo a Hungria, estão entre os principais beneficiários.
A entrada em larga escala de grãos ucranianos na UE provocou protestos de agricultores no leste europeu no ano passado, enquanto caminhoneiros poloneses têm bloqueado várias passagens na fronteira com a Ucrânia, pedindo que a UE restabeleça as medidas que limitam o trânsito de concorrentes ucranianos.
Orbán se reunirá com o presidente da França, Emmanuel Macron, em Paris na quinta-feira, antes da cúpula, disse o chefe de imprensa do premiê húngaro.