Chefe da agência de saúde da ONU, Tedros Ghebreyesus, repudiou ataques que resultaram em oito mortes; com apenas um terço dos hospitais funcionando, ele pediu um cessar-fogo e alertou sobre riscos de saúde após a evacuação forçada; bloqueio de comunicações tem limitado informações.
ONU News
O diretor-geral da Organização Mundial da Saúde, Tedros Ghebreyesus, afirmou estar “chocado” com a destruição de um hospital no norte de Gaza pelas forças israelenses no fim de semana, resultando na morte de oito pacientes, incluindo uma criança de nove anos.
Um equipe da OMS participou em uma missão conjunta da ONU ao Hospital Al-Shifa, no norte de Gaza, no dia 16 de dezembro, para entregar suprimentos de saúde e avaliar a situação nas instalações | OMS |
O hospital Kamal Adwan foi alvo de ataques militares israelenses ao longo de quatro dias na semana passada e a OMS relatou que muitos profissionais de saúde foram detidos.
Colapso do sistema de saúde
Tedros afirmou em suas redes sociais que o sistema de saúde de Gaza já estava em colapso e a perda de mais uma instalação, ainda que minimamente funcional, é um “golpe severo”. Menos de um terço dos 36 hospitais do enclave seguem funcionando, ainda que parcialmente, incluindo apenas um no norte do enclave.
O chefe da OMS renovou o apelo por um cessar-fogo imediato, pedindo a interrupção dos ataques a hospitais, profissionais de saúde e pacientes. Além disso, ressaltou que pacientes deixaram Kamal Adwan "por conta própria", correndo riscos de saúde e segurança, devido à impossibilidade de acesso das ambulâncias ao local.
O Escritório de Assuntos Humanitários da ONU, Ocha, afirmou em uma atualização que, no sábado, as forças israelenses se retiraram do hospital. Segundo relatos da mídia, um trator militar israelense teria atropelado tendas de pessoas internamente deslocadas do lado de fora do hospital, matando e ferindo um número não confirmado de pessoas.
De acordo com o Ocha, o Ministério da Saúde da Palestina em Ramallah, Cisjordânia, pediu uma investigação sobre o incidente. A agência também citou o exército israelense, que afirmou ter detido 90 pessoas como parte da operação e "encontrado armas e munições dentro do hospital".
Bloqueio de comunicações
Devido ao bloqueio de telecomunicações e internet em Gaza, que começou na última quinta-feira e continuou no fim de semana, o Ocha ressaltou que sua última atualização sobre a situação humanitária na região oferece apenas informações "limitadas" das últimas 24 horas.
As autoridades de saúde de Gaza não atualizaram seus números de vítimas desde o início do bloqueio, que naquele momento era de 18.787 mortes e mais de 50 mil feridos desde 7 de outubro.
O escritório da ONU relatou "fortes bombardeios israelenses" em toda a Faixa de Gaza no fim de semana, especialmente em Khan Younis, no sul, e em várias áreas da cidade de Gaza, no norte.
Segundo o Ocha, combates intensos ocorreram entre as forças israelenses e grupos armados palestinos em Khan Younis e Rafah, além do contínuo lançamento de foguetes por grupos armados palestinos contra Israel.
Segunda passagem de fronteira abre para ajuda humanitária
A situação humanitária no enclave continua desesperadora, já que a maior parte da população está deslocada, aglomerada em uma pequena área no sul, enfrentando condições sanitárias precárias e falta de alimentos e água.
As esperanças de um aumento na entrega de ajuda foram impulsionadas com o anúncio, na sexta-feira, da abertura da passagem de fronteira de Kerem Shalom entre Israel e Gaza, o que foi bem recebido pela comunidade de ajuda humanitária.
A passagem supostamente foi aberta no domingo pela primeira vez desde 7 de outubro. Até o momento, apenas a passagem de fronteira de Rafah, no sul, estava aberta desde que as entregas foram retomadas em 21 de outubro.
"A rápida implementação desse acordo aumentará o fluxo de ajuda", disse o chefe de assistência humanitária da ONU, Martin Griffiths. "Mas o que as pessoas em Gaza mais precisam é o fim dessa guerra", adicionou ele.