O chefe da agência de espionagem israelense Mossad encontrou-se na sexta-feira com o primeiro-ministro do Catar na Europa, de acordo com uma fonte com conhecimento do assunto, enquanto as atenções se voltavam para uma possível nova trégua em Gaza e um acordo sobre prisioneiros e reféns.
Por Nidal al-Mughrabi e Ibrahim Abu Mustafa | Reuters
CAIRO/GAZA - Israel bombardeou alvos na Faixa de Gaza neste sábado, mas duas fontes de segurança egípcias disseram que autoridades israelenses estão aparentemente mais propensas a trabalhar por um cessar-fogo e uma troca de prisioneiros palestinos por reféns israelenses mantidos pelo Hamas.
Ataque israelense em Rafah 16/12/2023 REUTERS/Ibraheem Abu Mustafa |
O encontro entre David Barnea e o primeiro-ministro catari, Mohammed bin Abdulrahman Al Thani, foi aparentemente o primeiro entre importantes autoridades de Israel e Catar — que tem agido como mediador — desde o colapso da trégua de sete dias ocorrida no fim de novembro.
Em outro sinal de possível avanço, a imprensa israelense informou que o primeiro-ministro do país, Benjamin Netanyahu, vai reunir o seu gabinete e realizar um pronunciamento na TV neste sábado. A assessoria do premiê não confirmou tal fato.
Os combates se intensificaram nas últimas duas semanas, com o colapso da trégua que permitiu que dezenas de reféns israelenses na Faixa de Gaza fossem soltos, em troca de prisioneiros palestinos em Israel.
Forças israelenses bombardearam neste sábado alvos na Faixa de Gaza, incluindo um edifício lotado da YMCA (Associação Cristã de Moços), com dezenas de palestinos possivelmente mortos ou feridos, apesar dos pedidos reiterados dos EUA para que a ofensiva seja arrefecida e que os alvos sejam os líderes do Hamas.
Em Khan Younis, no sul da Faixa de Gaza, autoridades de saúde palestinas afirmaram que o Hospital Nasser recebeu 20 palestinos mortos em ataques durante a noite, além de dezenas de feridos, incluindo mulheres e crianças.
Os militares israelenses disseram que estão “agindo para desmantelar as capacidades militares e administrativas do Hamas”.
A agência de notícias oficial WAFA afirmou que pelo menos três dúzias de pessoas foram mortas em bombardeios em três casas no campo de refugiados de Jabalia, algo que as autoridades de saúde não puderam confirmar.
Moradores da Faixa de Gaza reportaram intensos conflitos durante a noite. “A Faixa de Gaza se tornou uma bola de fogo na madrugada. Pudemos ouvir explosões e tiros ecoando em todas as direções”, afirmou Ahmed, de 45 anos, um eletricista que tem seis filhos e estava em um abrigo no centro do enclave.
Mohammad, de 40 anos, morador de Khan Younis que se mudou para Rafah após recomendação de Israel, disse à Reuters por telefone: “Queremos um cessar-fogo total, o fim da guerra e não uma pausa humanitária”.
O conselheiro de segurança nacional dos Estados Unidos, Jake Sullivan, pediu a Israel que diminua a intensidade de sua campanha na Faixa de Gaza e faça a transição para operações com foco nos líderes do Hamas, disseram autoridades norte-americanas. Mas Israel tem enfatizado que a guerra segue até que o país erradique totalmente o Hamas.
Israel, que diz ter recuperado os corpos de três reféns mortos pelo Hamas, acredita que cerca de 20 dos mais de 130 reféns na Faixa de Gaza estejam mortos.
Durante um ataque surpresa além da fronteira em 7 de outubro, militantes do Hamas invadiram cidades israelenses, matando 1.200 pessoas e capturando 240 reféns. A ofensiva de Israel em resposta já causou a morte de quase 19 mil pessoas, de acordo com autoridades de saúde da Faixa de Gaza, com outras milhares possivelmente sob escombros.
Em sinais de ramificações do conflito, os Houthis do Iêmen, apoiados pelo Irã, afirmaram que atacaram o resort israelense de Eilat, no Mar Vermelho, com uma série de drones.
(Reportagem de Nidal al-Mughrabi no Cairo e Shani e Fadi Shana em Gaza, Henriette Chacar, Ari Rabinovitch e Frank Jack Daniel em Jerusalém, Andrea Shalal, Jeff Mason e Eric Beech em Washington)