Segundo o jornalista investigativo Seymour Hersh, Biden ordenou a sabotagem por desconfiar que o chanceler alemão, Olaf Scholz, não apoiaria a empreitada ocidental contra a Rússia.
Sputnik
Os ataques aos gasodutos Nord Stream, encomendados pelo presidente americano, Joe Biden, tinham como principal alvo a Alemanha, não a Rússia. É o que afirma o jornalista investigativo americano e vencedor do Prêmio Pulitzer, Seymour Hersh.
Segundo Hersh, a sabotagem estava pronta para ser efetivada semanas antes da eclosão do conflito entre Rússia e Ucrânia, iniciado fevereiro de 2022. Os agentes designados para a missão acreditavam que o objetivo era dissuadir Moscou de seus planos de colocar em prática a operação militar especial na Ucrânia.
Porém, a missão da sabotagem foi cancelada e somente colocada em prática meses depois. Hersh afirma que, na ocasião, o objetivo era afetar a Alemanha, não a Rússia.
Segundo o jornalista, apesar de ser um aliado ocidental dos EUA, Olaf Scholz, não tinha a mesma convicção de Washington na época quanto ao apoio à Ucrânia.
Isso levou Biden a desconfiar que Scholz, em determinado momento, concluísse que seria melhor manter a população alemã aquecida no inverno do que se juntar aos esforços contra Moscou.
"O timing de Biden parecia direcionado ao chanceler [Olaf] Scholz. Alguns membros da CIA acreditavam que o medo do presidente era que Scholz, cujos parlamentares eram indiferentes no seu apoio à Ucrânia, pudesse hesitar com a aproximação do inverno e concluir que manter o seu povo aquecido e as suas indústrias prósperas era mais importante do que apoiar a Ucrânia contra a Rússia", escreveu Hersh em seu blog.
A explosão dos gasodutos teve um peso fundamental na crise econômica atualmente vivenciada na Alemanha. "O país, que outrora dominou os mercados mundiais com os seus carros de luxo e maquinaria industrial, está agora num processo que alguns chamam de rápida desindustrialização", escreveu Hersh.
Ademais, os problemas econômicos na Alemanha contribuíram para um aumento na popularidade dos partidos de direita, incluindo a Alternativa para a Alemanha (AfD).
Para Hersh, o elemento mais controverso da crise recente na Alemanha, a sabotagem ao Nord Stream, segue amplamente ignorado pelo Ocidente.
"Nos dez meses desde que publiquei o meu primeiro relato sobre a sabotagem do Nord Stream, o governo e os meios de comunicação alemães, tal como nos Estados Unidos, ignoraram ou forneceram relatos alternativos sobre como e por que os gasodutos foram destruídos. A ideia de que um presidente dos EUA em exercício destruiria deliberadamente uma fonte vital de energia de um aliado próximo tem sido, como diria Freud, um tabu", escreveu Hersh.