Se os ataques do Hezbollah continuarem, Israel tomará ações para remover o grupo da sua fronteira com o Líbano, advertiu o ministro israelense Benny Gantz.
Por James Gregory | BBC News
Gantz afirmou que o Exército israelense irá intervir se os membros do Hezbollah não pararem de atirar em direção ao norte de Israel.
Os combates na fronteira entre Israel e o Líbano se intensificam na última semana de 2023 © AFP |
O tempo para encontrar uma solução diplomática está se esgotando, segundo ele.
Paralelamente, o chefe das Forças de Defesa de Israel (IDF, na sigla em inglês) também declarou que suas tropas estão "em total prontidão" para novos combates no norte do país.
"Nossa primeira tarefa é restaurar a segurança e a sensação de segurança dos moradores do norte, e isso irá levar tempo", afirmou o chefe do Estado-Maior das IDF, o general Herzi Halevi.
As trocas de disparos entre os dois lados da fronteira vêm aumentando desde os ataques do Hamas a Israel, em 7 de outubro.
Na quarta-feira (27/12), o Hezbollah lançou o maior número de ataques na fronteira em um único dia desde 8 de outubro, segundo declararam fontes de segurança à agência de notícias Reuters.
Os incidentes trouxeram preocupações de que o conflito na Faixa de Gaza possa se espalhar pela região.
"A situação na fronteira norte de Israel exige mudanças", afirmou Gantz em entrevista coletiva, na noite de quarta-feira.
"O cronômetro para uma solução diplomática está quase zerado. Se o mundo e o governo libanês não agirem para evitar os disparos sobre os habitantes do norte de Israel e afastar o Hezbollah da fronteira, as IDF o farão."
No início de dezembro, o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, afirmou, em visita às tropas perto da fronteira, que Israel "transformaria unilateralmente Beirute e o sul do Líbano, a pouca distância daqui, em Gaza e Khan Yunis [cidade no sul da Faixa de Gaza]" se o Hezbollah começasse uma guerra aberta.
O Hezbollah é uma organização xiita considerada terrorista pelos Estados do Ocidente, Israel, países árabes do Golfo Pérsico e pela Liga Árabe.
Financiado pelo Irã, é uma das forças militares não estatais mais fortemente armadas do mundo.
Em 2006, uma guerra generalizada entre o Hezbollah e Israel teve início quando o grupo conduziu um ataque mortal através da fronteira e tropas israelenses invadiram o sul do Líbano.
Mortes nos dois lados da fronteira
Na fronteira, os disparos de foguetes e o uso de drones armados pelo Hezbollah aumentaram esta semana.
Os aviões de guerra israelenses responderam rapidamente.
Na quinta-feira (28/12), forças israelenses declararam terem interceptado um drone que cruzou a fronteira com o Líbano e entrou no seu território.
Antes, na quarta, a imprensa estatal do Líbano informou que um combatente do Hezbollah e dois dos seus parentes foram mortos por um ataque aéreo israelense.
O ataque teria atingido uma residência na cidade libanesa de Bint Jbeil, a cerca de 2 km da fronteira com Israel.
Segundo uma declaração do Hezbollah, uma das vítimas, Ibrahim Bazzi, era um cidadão australiano que visitava sua família.
Mais de cem pessoas já foram mortas no Líbano desde outubro. A maioria eram combatentes do Hezbollah, mas também existem civis entre os mortos, incluindo três jornalistas.
No lado israelense, sabe-se que pelo menos quatro civis e nove soldados morreram na fronteira com o Líbano desde o início das hostilidades.
Milhares de civis residentes em dezenas de comunidades da região foram evacuados pelo exército.
Enquanto isso, a Unifil – a força de manutenção de paz das Nações Unidas que opera no sul do Líbano desde 1978 – convocou as autoridades libanesas para pedir esclarescimentos após uma de suas unidades ser atacada no sul do país.
A Unifil afirma que "um grupo de homens jovens" atacou uma patrulha na vila de Taybeh. Um veículo também ficou danificado.
Os líderes do Hezbollah elogiaram o ataque sem precedentes lançado por atiradores do Hamas contra o sul de Israel em 7 de outubro.
Pelo menos 1,2 mil pessoas foram mortas no ataque – a maioria delas, civis – e outras cerca de 240 foram tomadas como reféns - parte delas já libertadas em acordo negociado para trégua temporária no conflito.
Desde então, mais de 21,1 mil pessoas foram mortas pelas forças israelenses na Faixa de Gaza – a maioria delas, mulheres e crianças – em 11 semanas de combates, segundo o ministério da Saúde administrado pelo Hamas.
No momento, milhares de famílias palestinas na Faixa de Gaza tentam encontrar abrigo, enquanto Israel amplia sua ofensiva por terra pelo centro e o sul do território.