Kiev e a região aos arredores da capital ucraniana foram atingidas por um ataque maciço de drones russos durante a noite de sexta-feira (24) e a manhã deste sábado (25), no momento em que a Ucrânia comemora o Holodomor, data que marca a fome causada no país pelos soviéticos há 90 anos, que resultou na morte de vários milhões de pessoas. De acordo com as autoridades ucranianas, esse foi o maior bombardeio desde a invasão russa que teve início em fevereiro de 2022.
RFI
A Força Aérea ucraniana afirmou na manhã deste sábado ter abatido 71 drones de ataque Shahed lançados pela Rússia. "A maioria deles foi destruída na região de Kiev", declarou nas redes sociais.
Ucrânia acusa Rússia de realizar o maior ataque de drones a Kiev desde o início da guerra © AP - Felipe Dana |
"Foi uma noite difícil", relata a correspondente da RFI em Kiev, Emmanuelle Chaze. "Fomos acordados nas primeiras horas da manhã por explosões contínuas durante uma hora. Ouvimos o trabalho da defesa antiaérea ucraniana lutando contra os drones que chegaram à capital em várias ondas. Por que várias ondas? Porque a primeira foi enviada para permitir que as tropas russas localizassem os locais de defesa aérea ucranianos, que eles também estavam tentando atingir e destruir", relatou Chaze.
Segundo ela, outro alvo dos ataques russos são as infraestruturas básicas ucranianas, especialmente infraestruturas de energia, e também alvos militares. No entanto, quando esses drones são destruídos nos céus da capital, seus destroços aterrissam em áreas residenciais.
Sem energia, logo, sem aquecimento
O Ministério da Energia ucraniano informou que o ataque resultou em cortes de eletricidade em 197 edifícios, entre eles, 77 residenciais. A pasta assegurou que os trabalhos de reparo estavam em andamento. Além disso, algumas linhas de alta tensão foram danificadas durante a realização de reparos, em um momento em que as temperaturas estão abaixo de zero.
De acordo com as autoridades locais em Kiev, cinco pessoas, incluindo uma criança de 11 anos, ficaram feridas durante a ofensiva russa. O alerta aéreo na capital durou seis horas e a queda de detritos de drones causou incêndios e danificou edifícios na capital, disse o prefeito de Kiev, Vitali Klitschko. "O inimigo continua a espalhar o terror", afirmou ele.
Uma coalizão internacional de defesa aérea
O ataque ocorre no momento em que a Ucrânia comemora a data do Holodomor, a fome causada no país pelos soviéticos há 90 anos, que resultou na morte de vários milhões de pessoas. "Mais de 70 drones Shahed na noite da comemoração do Holodomor (...). Os líderes russos estão orgulhosos de sua capacidade de matar", reagiu o presidente ucraniano Volodymyr Zelensky nas redes sociais, três dias após o anúncio da criação de uma coalizão ocidental para reforçar a defesa aérea da Ucrânia.
Zelensky afirmou que esse grupo - composto por 20 países - foi formado em uma reunião do "Grupo Ramstein" organizada online para avaliar as necessidades militares da Ucrânia. Segundo o Ministério da Defesa alemão, Berlim e Paris desempenharão um papel de liderança nesta coalizão.
"Nem tudo pode ser divulgado neste momento, mas o escudo aéreo da Ucrânia está ficando mais forte a cada mês", disse o presidente Zelensky em sua mensagem diária. O ministro da Defesa ucraniano, Rustem Umerov, enfatizou que os membros da coalizão haviam concordado com reforçar o apoio, incluindo a ajuda militar anunciada nesta semana pela Alemanha.
Um canal independente de notícias da Ucrânia publicou que Kiev está pronta para "receber outro sistema de defesa antimísseis Patriot da Alemanha, que será implantado durante o inverno para ajudar a proteger a infraestrutura de energia do país contra possíveis ataques russos".
A Ucrânia alega que é necessário reforçar os sistemas de defesa para proteger o céu ucraniano não apenas em Kiev, mas também em Kherson, uma cidade perto do rio Dnipro, cuja margem esquerda é ocupada pelos russos. A localidade está sob fogo constante, com dezenas de bombardeios registrados todos os dias contra civis. Os moradores do centro de Kherson são feridos todos os dias, criando uma situação extremamente preocupante à qual os países aliados estão tentando responder, principalmente com o acordo recém-firmado.
(Com informações da RFI e da Reuters)