O exército russo aumenta a pressão no leste da Ucrânia, incentivado pela conquista, nesta quarta-feira (29), de um povoado perto de Bakhmut e próximo de Avdiivka, entre seus poucos avanços nesta frente.
France Presse
Nas últimas semanas, a contraofensiva ucraniana, iniciada neste verão, paralisou-se no sul e no leste, sem avanços significativos. E desde o início do outono no hemisfério Norte, as forças russas têm demonstrado com seus ataques que ainda têm recursos para avançar.
Militar ucraniano se posiciona no topo de um veículo blindado na direção de Bakhmut, na região de Donetsk, em 27 de novembro de 2023 © Genya SAVILOV |
Há quase dois meses, os russos tentam tomar Avdiivka, cidade industrial no subúrbio de Donetsk, tomada brevemente pelos separatistas pró-russos em 2014.
Os soldados russos cercam Avdiivka por três flancos no leste, norte e sul.
Nesta cidade quase em ruínas, restam 1.350 habitantes, dos quase 30.000 que tinha antes da guerra.
Desde que foi tomada brevemente pelos separatistas pró-russos em 2014, Avdiivka marca a linha de frente nesta região.
"Nestes últimos dias, o inimigo intensificou consideravelmente sua atividade. Usa veículos blindados", declarou, nesta quarta-feira, Oleksandr Tarnavski, comandante ucraniano responsável pela região.
Segundo o militar, as tropas russas lançaram cerca de 20 bombardeiros, nos quais dispararam quatro mísseis e mais de 1.000 obuses, com 56 ondas de ataques contra as posições ucranianas.
No entanto, Tarnavsk afirmou que as forças ucranianas "controlam com firmeza a linha ao longo da frente de Avdiivka", uma afirmação que a AFP não pôde verificar de forma independente.
- "O tempo joga contra" a Ucrânia -
"A Rússia dispõe, ainda, de recursos humanos ilimitados, que usa impiedosamente para realizar ataques por ondas", assegurou, por sua vez, o conselheiro da Presidência ucraniana, Mikhailo Podoliak.
O alto funcionário avaliou que "o tempo joga agora contra" a Ucrânia e seus aliados ocidentais, ocupados, segundo ele, "com procedimentos burocráticos".
Os ucranianos defendem, ainda, uma faixa ao redor de oito quilômetros de extensão a noroeste de Avdiivka, que abriga a maior fábrica de carvão da Ucrânia.
Mais ao norte no front, a cerca de 60 km em linha reta, a Rússia afirmou, nesta quarta, ter tomado um povoado perto de Bakhmut, cidade que passou ao controle de Moscou em maio graças à intervenção do grupo paramilitar russo Wagner, após uma intensa batalha que durou mais de nove meses.
"Apoiadas pela aviação e a artilharia", unidades russas "liberaram a localidade de Artiomovskoye", na região de Donetsk, informou o Ministério da Defesa em nota, usando o nome russo da cidade de Khromove.
A AFP não pôde verificar estas afirmações com fontes independentes.
- Frente amplamente congelada -
Segundo imagens de satélite, o povoado de Khromove tinha, antes da ofensiva russa, poucas ruas e dezenas de casas.
O ministro russo da Defesa, Serguei Shoigu, disse em maio que a conquista de Bakhmut permitiria a Moscou realizar novos avanços.
No entanto, desde então, as forças russas não conseguiram fazer avanços significativos.
Os bombardeios russos continuam mais ou menos por toda a Ucrânia.
Um homem de 68 anos morreu na tarde desta quarta-feira em um ataque nos arredores de Kherson, no sul da Ucrânia, segundo Roman Mrochko, chefe da administração militar local.
A Força Aérea ucraniana anunciou pela manhã ter derrubado à noite 21 drones explosivos e dois mísseis russos.
No geral, a linha de frente mudou pouco desde que os soldados russos liberaram Kherson em 11 de novembro de 2022.
Apesar da ajuda militar ocidental, a ofensiva ucraniana de meados deste ano fracassou diante da solidez das linhas de defesa russas.
O exército russo tampouco avança, a despeito do orçamento dedicado à guerra. No entanto, parou de recuar e controla cerca de 20% do território ucraniano.
As autoridades ucranianas temem que no caso de que a guerra entre em um ponto morto durante um período de tempo longo, a ajuda externa cairá.