Em um vídeo publicado nas redes sociais, Tatiana Ivchuk, que é esposa de um militar ucraniano desaparecido, acusou a liderança da brigada aérea das Forças Armadas do país de corrupção.
Sputnik
A informação é do site strana.ua. Segundo a mídia ucraniana, há uma lista de preços que os soldados são obrigados a pagar aos comandantes.
Os soldados ucranianos seriam obrigados a pagarem até por armas e munições durante o combate, revelou Ivchuk. Um carregador de rifle custaria entre 750 e 1.000 hryvnias (R$ 102 a R$ 136).
Ainda há cobranças de propinas para que os militares não cumpram missão de combate, com valores de 30 mil a 70 mil hryvnias (R$ 4 mil a R$ 9,5 mil); para licença de dez dias das Forças Armadas, que custa 20 mil hryvnias (R$ 2,7 mil); e até para evacuação do campo de batalha, que fica em 10 mil hryvnias (R$ 1,3 mil).
A corrupção entre as Forças Armadas ucranianas acontece até na ajuda humanitária: conforme Ivchuk, os itens entregues por voluntários quase não chega aos soldados na linha de frente.
Todas as evidências dos crimes foram entregues ao Serviço de Segurança da Ucrânia (SBU, na sigla em ucraniano), além do Ministério Público, pontuou a mulher.
Relatos como o da Ivchuk são cada vez mais frequentes. Militares do país já revelaram em outras ocasiões problemas com extorsões no Exército, além de queixas contra o comando e dificuldades no planejamento das operações.
Em Lvov, cidade com mais de 800 mil habitantes próxima à fronteira da Ucrânia com a Polônia, o vice-comandante de uma unidade militar foi denunciado por obrigar soldados a construírem a sua própria casa, além de conduzir um comércio clandestino.
Fracasso e desesperança
Segundo dados do Ministério da Defesa da Rússia, desde 4 de junho as Forças Armadas ucranianas perderam 90 mil militares, entre mortos e feridos.
O esvaziamento das fileiras é tão grande que no início deste mês, após as autoridades ucranianas ordenarem um ataque em Gorlovka, os oficiais do Exército responderam somente: "Com o quê?", referindo-se à falta de tropas e de armas.
Uma publicação da revista Time reporta ainda que alguns militares ucranianos estão em insubordinação aberta, recusando-se a ir para a ofensiva mesmo sob ordens diretas do gabinete do presidente, Vladimir Zelensky.
A força da defesa russa e o agravamento do conflito em Israel, que tirou a atenção da Ucrânia, aumentou a sensação de desesperança não só entre os soldados ucranianos, mas também no alto escalão, que, segundo a matéria, está ainda mais corrupto.
"As pessoas estão roubando como se não houvesse amanhã", disse Andrei Yermak, chefe do gabinete de Vladimir Zelensky.
O próprio líder ucraniano estaria se sentindo traído por seus aliados ocidentais, que o teriam deixado apenas com meios para sobreviver, mas não vencer o conflito com a Rússia.
O presidente ucraniano teria voltado furioso de sua visita a Washington em setembro, disse uma fonte anônima à publicação.