Líderes árabes pressionaram publicamente o secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, neste sábado, para garantir um cessar-fogo imediato em Gaza, horas depois de os palestinos afirmarem que um ataque aéreo israelense matou pelo menos 15 pessoas em uma escola administrada pela ONU que era usada como abrigo.
Por Nidal al-Mughrabi e Simon Lewis e Suleiman Al-Khalidi | Reuters
GAZA/AMÃ - Numa rara demonstração aberta de desacordo, o principal diplomata dos EUA recuou enquanto estava ao lado dos seus pares jordaniano e egípcio numa conferência de imprensa, dizendo que um cessar-fogo apenas permitiria ao Hamas reagrupar-se e lançar mais ataques contra Israel.
Secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken 29/09/2023 REUTERS/Leah Millis |
Blinken se encontrou com os ministros das Relações Exteriores da Arábia Saudita, do Catar, dos Emirados, do Egito e da Jordânia em Amã quatro semanas depois que os combatentes do Hamas invadiram a fronteira com Israel, matando 1.400 pessoas e fazendo mais de 240 como reféns.
Desde então, Israel atacou Gaza pelo ar, impôs um cerco e lançou um ataque terrestre, despertando o alarme global com as condições humanitárias no enclave e, disseram autoridades de saúde de Gaza neste sábado, matando mais de 9.488 palestinos.
“Neste momento temos que garantir que esta guerra acabe”, disse o ministro das Relações Exteriores da Jordânia, Ayman Safadi, em entrevista coletiva.
Blinken disse que todos concordam sobre a necessidade de paz e que o atual status quo em Gaza não se sustenta, mas reconheceu que há diferenças entre Washington, que pediu apenas pausas para levar a ajuda a Gaza, e seus aliados.
“Um cessar-fogo agora simplesmente deixaria o Hamas no lugar, capaz de se reagrupar e repetir o que fez em 7 de outubro”, disse Blinken, na sua segunda viagem à região desde que Israel e o Hamas entraram em guerra. "Nenhuma nação, nenhum de nós aceitaria isso."
No início deste sábado, testemunhas palestinas disseram que Israel atingiu a escola Al-Fakhoura em Jabalia, onde viviam milhares de evacuados, pela manhã.
Os militares israelenses disseram que, de acordo com uma investigação preliminar, não tinham como alvo o local "mas a explosão pode ter sido resultado de disparos direcionados a outro alvo. As circunstâncias do incidente estão sob revisão".
Juliette Touma, diretora de comunicação da Agência da ONU para os Refugiados Palestinos (UNRWA), disse que a escola administrada pela ONU, que fica na área da Cidade de Gaza, foi atingida.
“Pelo menos um ataque atingiu o pátio da escola onde havia tendas para famílias deslocadas. Outro ataque atingiu o interior da escola onde mulheres faziam pão”, disse Touma por telefone.
Imagens da Reuters mostram móveis quebrados e outros pertences caídos no chão, manchas de sangue derramadas no chão e sobre comida e pessoas chorando.
(Reportagem de Nidal al-Mughrabi em Gaza, Simon Lewis e Suleiman Al-Khalidi em Amã, Dan Williams em Jerusalém)