Celso Amorim se encontrou com Nicolás Maduro em busca de solução "pacífica e negociada"
Cristiane Noberto | CNN
Brasília - O Ministério das Relações Exteriores (MRE) vê com preocupação o ambiente de tensão entre Venezuela e Guiana e busca uma “solução pacífica” para a disputa por território alvo de contestações desde o fim século 19, mas que se intensificou nas últimas semanas.
Sede do Itamaraty, em Brasília; governo brasileiro tem dialogado com Venezeula e Guiana 17/04/2020 - Marcello Casal Jr/Agência Brasil |
As tensões na região aumentaram depois que o presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, marcou, para o próximo dia 3 de dezembro, um plebiscito em que os venezuelanos poderão responder se são favoráveis em relação à anexação da região de Essequibo, área equivalente a quase dois terços da Guiana.
A medida é vista como um passo para uma possível invasão da Venezuela a uma área rica em petróleo e recursos naturais no atual território da Guiana. O referendo daria apoio popular a Maduro para efetivar esse plano.
Na manhã desta quarta-feira (30), a secretária de América Latina e Caribe, embaixadora Gisela Padovan, afirmou que a Guiana pediu uma liminar contra o plebiscito para a Corte Internacional de Justiça, que acompanha o caso de perto, e que a decisão da Corte pode acontecer nesta sexta-feira.
Mesmo assim, ela disse que o Brasil “não opina” e que o Itamaraty “considera um assunto interno da Venezuela” e que “qualquer país tem condições de realizar um referendo, cumpridas as suas normas internas”.
Padovan ainda destacou que o Brasil trabalha por uma solução pacífica na região. “Há várias regiões do mundo com conflitos militares e queremos que a América do Sul permaneça no ambiente de paz e cooperação. Nesse sentido, nós vemos com preocupação esse ambiente tensionado entre esses dois países vizinhos e amigos do Brasil”.
A embaixadora também lembrou que o assessor especial da Presidência, Celso Amorim, se reuniu com o presidente Nicolás Maduro em Carcas, para tratar sobre o conflito em busca de “uma solução pacífica e negociada”. Segundo ela, o Brasil também mantém conversas com a Guiana.
Reforço na fronteira
Gisela Padovan disse que o Itamaraty ainda não teve confirmação sobre reforço de tropas militares na região entre os dois países. Ela afirmou que é “natural” que haja presença militar por conta do fluxo de venezuelanos”, mas não há informações de reforços significativos na área.
O Ministério da Defesa informou que aumentou a presença militar nas fronteiras do Norte, em especial nas áreas próximas a Venezuela e Guiana.