Trabalhadores estavam presos desde que o Hamas cometeu atos terroristas em 7 de outubro
Mariya Knight, Tamar Michaelis e Helen Regan | CNN
Israel mandou milhares de moradores da Faixa de Gaza que trabalham no país de volta ao território palestino nesta sexta-feira (3), conforme anunciado pelo Gabinete de Segurança de Israel na quinta-feira (2).
O exército israelense liberou 3.200 trabalhadores palestinos, que estavam presos na Cisjordânia após o ataque do Hamas em 7 de outubro | Mohammed Talatene/picture alliance via Getty Images |
Os trabalhadores atravessam a fronteira ao longo desta sexta-feira, cruzando a passagem de Kerem Shalom, localizada na junção da fronteira entre Egito, Faixa de Gaza e Israel. O número exato de palestinos que retornaram à Faixa de Gaza não foi informado.
Antes dos ataques terroristas e dos sequestros do Hamas em 7 de outubro, cerca de 18 mil habitantes da Faixa de Gaza tinham autorização para entrar em Israel e trabalhar, onde poderiam ganhar significativamente mais.
“Israel está cortando todos os contatos com Gaza. Não haverá mais trabalhadores palestinos. Os trabalhadores que estavam em Israel no dia da eclosão da guerra serão devolvidos à Faixa de Gaza”, disse a assessoria de imprensa do governo na quinta.
O gabinete também disse que acabar com os fundos destinados à Faixa de Gaza, incluindo o financiamento da Autoridade Palestina – um órgão governamental separado com autonomia limitada na Cisjordânia – que iria para o território.
Ao longo dos últimos anos, Israel começou a emitir milhares de autorizações de trabalho para os habitantes de Gaza atravessarem para Israel como parte de uma estratégia de incentivo econômico que as autoridades israelenses esperavam que encorajasse os moradores do enclave a se distanciarem do Hamas.
Os palestinos na Faixa de Gaza e na Cisjordânia disseram à CNN no mês passado que obter uma autorização de trabalho para Israel os permitiu se tornarem chefes de família.
Muitos são os únicos membros das suas famílias com um emprego, e os salários que ganham em Israel são muitas vezes mais elevados do que qualquer coisa que conseguiriam obter onde moram.
Após os ataques terroristas do Hamas em solo israelense, que mataram 1.400 pessoas, a maioria delas civis, as Forças de Defesa de Israel (IDF) fecharam todo o acesso ao enclave e muitos habitantes de Gaza que trabalhavam em Israel ficaram presos.
“Sempre quis esta licença porque a situação em Gaza é muito grave. A situação financeira, a dívida… a economia é zero. Não há oportunidades de trabalho”, disse Ismail Abd Almagid à CNN no mês passado, acrescentando que estava desempregado até obter a autorização.
Os níveis de desemprego lá estão entre os mais elevados do mundo, com quase metade da população sem trabalho, de acordo com dados de 2022 da ONU. Mais de 80% da população vive na pobreza.
“Durante pelo menos a última década e meia, a situação socioeconômica em Gaza tem estado em declínio constante”, disse a Agência das Nações Unidas de Assistência aos Refugiados da Palestina no Próximo Oriente (UNRWA), em agosto.
Durante quase 17 anos, Gaza esteve quase totalmente isolada do resto do mundo, com severas restrições à circulação de mercadorias e pessoas.
O território de 140 quilômetros quadrados é governado pelo Hamas, mas bloqueado por Israel e pelo Egito, desde 2007, e depende fortemente de combustível e eletricidade importados para executar todos os seus serviços.
Em resposta aos ataques terroristas do Hamas, Israel impôs um “cerco total” à Faixa de Gaza e impediu que todos os alimentos, água, medicamentos e fornecimentos de combustível entrassem, aprofundando uma crise humanitária.
Os ataques aéreos israelenses mataram mais de 9.000 pessoas, metade delas crianças, e feriram cerca de 22.000, segundo dados divulgados quinta pelo Ministério da Saúde palestino em Ramallah, que se baseia em fontes do território controlado pelo Hamas.
As organizações humanitárias descreveram condições catastróficas em que a ordem civil começa a ruir e emitiram apelos cada vez mais urgentes a um cessar-fogo para permitir a entrada de ajuda desesperadamente necessária em Gaza.
O Comissário Geral da UNRWA, Philippe Lazzarini, disse na quarta, após voltar de Gaza, que “a escala da tragédia não tem precedentes”.
“Os níveis de angústia e as condições de vida insalubres estavam além da compreensão”, disse. “Todo mundo estava apenas pedindo água e comida.”
(Com informações da Reuters)