Dezesseis pessoas que estavam sendo mantidas como reféns em Gaza foram entregues a autoridades israelenses nesta quarta-feira, o segundo e último dia de uma trégua estendida da guerra entre Israel e o grupo militante palestino Hamas, disseram a Cruz Vermelha e outras autoridades.
Por Nidal al-Mughrabi, Mohammed Salem e Emily Rose | Reuters
GAZA/JERUSALÉM - Como parte de um acordo de troca, Israel libertará 30 prisioneiros palestinos -- 16 menores de idade e 14 mulheres -- na noite de quarta-feira, disse o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores do Catar, Majed Al-Ansari, em comunicado.
Reféns libertados pelo Hamas chegam a Tel Aviv, em Israel 29/11/2023 REUTERS/Athit Perawongmetha |
Duas cidadãs russas e quatro cidadãos tailandeses foram libertados fora dos parâmetros do acordo. Dez cidadãos israelenses foram soltos, incluindo cinco com dupla nacionalidade, disse Ansari: um também holandês e menor de idade, três alemães e um norte-americano.
O gabinete do primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, havia identificado duas mulheres russas-israelenses libertadas na noite de quarta-feira como Yelena Trupanov, 50, e Irena Tati, 73. Um vídeo da ala armada do Hamas mostrou as mulheres sendo entregues ao Comitê Internacional da Cruz Vermelha e retiradas por um veículo da Faixa de Gaza.
As duas reféns libertadas estavam entre as cerca de 240 pessoas tomadas por homens armados do Hamas durante um ataque no sul de Israel em 7 de outubro, durante o qual 1.200 pessoas foram mortas, segundo Israel. O bombardeio israelense contra Gaza em retaliação matou mais de 15.000 moradores de Gaza, segundo autoridades sanitárias do enclave palestino.
NEGOCIAÇÕES PARA ESTENDER A TRÉGUA
O secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, chegou a Tel Aviv, em sua terceira viagem à região desde o ataque de 7 de outubro, para se reunir com líderes israelenses para discutir a extensão da trégua temporária e um reforço ao auxílio humanitário à Faixa de Gaza.
Duas autoridades palestinas disseram à Reuters que continuam as negociações por uma possível extensão da trégua, que deve expirar no começo da quinta-feira, mas ainda não há um acordo.
Osama Hamdan, autoridade sênior do Hamas no Líbano, foi citado pela imprensa afiliada do Hamas dizendo que as tentativas de estender a trégua “ainda não maturaram e o que foi apresentado até agora não vale a pena ser estudado”.
Uma autoridade israelense disse mais cedo que seria impossível estender o cessar-fogo sem um comprometimento de libertar todas as mulheres e crianças entre os reféns. A autoridade disse que Israel acredita que os militantes ainda estão mantendo mulheres e crianças suficientes para prolongar a trégua por dois ou três dias.
Até agora, militantes de Gaza libertaram mais de 70 mulheres e crianças israelenses dentro do acordo que assegurou a primeira trégua da guerra. Outros estrangeiros, a maioria trabalhadores agrícolas tailandeses, foram soltos em acordos paralelos.
CONFLITOS NA CISJORDÂNIA
Enquanto isso, em um conflito em Jenin, na Cisjordânia, entre soldados israelenses e palestinos, dois jovens e dois militantes foram mortos, segundo a agência de notícias oficial palestina Wafa.
Uma criança de oito anos, um garoto de 15 e dois comandantes militares seniores morreram, de acordo com a reportagem. O exército israelense afirmou que pessoas atiraram dispositivos explosivos contra soldados israelenses, que responderam com munições de verdade.
A entrega de reféns foi ofuscada por uma alegação não confirmada do Hamas, maior grupo militante em Gaza, de que uma família de reféns israelenses, incluindo o refém mais jovem, o bebê Kfir Bibas, foram mortos durante um bombardeio israelense anterior.
Autoridades israelenses afirmaram que estão checando o relato do Hamas sobre a família Bibas, uma questão de forte peso emocional em Israel, onde a família -- Kfir, de dez meses, seu irmão Ariel, com quatro anos, e a mãe Shiri -- estão entre os reféns mais notórios.
Parentes da família Bibas disseram que foram informados sobre o relato do Hamas.
“Estamos esperando a informação ser confirmada e torcendo para ser refutada por autoridades militares”, disse um comunicado do Fórum de Famílias de Reféns e Pessoas Desaparecidas.
(Reportagem de Nidal al-Mughrabi no Cairo, Mohammed Salem e Roleen Tafakji em Gaza; Henriette Chacar e Dan Williams em Jerusalém; Ali Sawafta em Ramallah; Steve Holland no Air Force One; Katharine Jackson em Washington; e escritórios da Reuters; texto de Peter Graff, William Maclean e Grant McCool)