Autoridades palestinas disseram que um bebê morreu e dezenas de outros pacientes estavam em risco devido ao cerco israelense ao maior hospital de Gaza no sábado, enquanto Israel afirmou que havia matado um militante do Hamas que impediu a desocupação de outro hospital.
Por Nidal al-Mughrabi e Maytaal Angel | Reuters
GAZA/JERUSALÉM - Israel diz que médicos, pacientes e milhares de desalojados que se refugiaram em hospitais no norte de Gaza devem sair para que possa enfrentar os atiradores do Hamas que, segundo o país, colocaram centros de comando sob e ao redor deles.
O Hamas nega que esteja usando hospitais dessa forma. A equipe médica diz que os pacientes podem morrer se forem transferidos e as autoridades palestinas afirmam que o fogo das armas israelenses torna perigosa a saída de outras pessoas.
"É totalmente uma zona de guerra, é uma atmosfera totalmente assustadora aqui no hospital", disse à Reuters Ahmed al-Mokhallalati, cirurgião plástico do hospital Al Shifa.
"É um bombardeio contínuo há mais de 24 horas, nada parou, você sabe, vem dos tanques, da rua, do ataque aéreo".
Os militares israelenses não responderam imediatamente a um pedido de comentário sobre a situação relatada no hospital Al Shifa, onde um porta-voz do Ministério da Saúde palestino disse que um bombardeio israelense havia matado um paciente em tratamento intensivo.
Ashraf Al-Qidra, que representa o Ministério da Saúde na Faixa de Gaza, controlada pelo Hamas, disse que os atiradores de elite do Exército israelense que ocupam os telhados dos prédios próximos ao hospital disparam contra o complexo médico de tempos em tempos, limitando a capacidade de movimentação dos médicos e das pessoas.
"Estamos sitiados dentro do Complexo Médico Al Shifa, e a ocupação (israelense) tem como alvo a maioria dos prédios lá dentro", disse ele.
O hospital suspendeu as operações depois que o combustível acabou, disse Qidra, acrescentando: "Como resultado, um bebê recém-nascido morreu dentro da incubadora, onde há 45 bebês".
CONFRONTOS A NOITE TODA
Moradores disseram que as tropas israelenses, que iniciaram uma guerra para eliminar o Hamas depois que este organizou um sangrento ataque na fronteira em 7 de outubro, entraram em confronto com homens armados do Hamas durante toda a noite na Cidade de Gaza e nos arredores, onde o hospital está localizado.
"Os hospitais precisam ser esvaziados para que possamos lidar com o Hamas. Pretendemos lidar com o Hamas, que transformou os hospitais em posições fortificadas", disseram os militares israelenses quando perguntados se planejavam entrar nos hospitais de Gaza em algum momento.
O Hamas nega ter usado o hospital para fins militares e pediu às Nações Unidas e ao Comitê Internacional da Cruz Vermelha que enviem missões ao Shifa para investigar as alegações israelenses.
Israel disse anteriormente que havia matado o que chamou de "terrorista" do Hamas, que teria bloqueado a desocupação de outro hospital no norte, que, segundo autoridades palestinas, está fora de serviço e cercado por tanques.
"(Ahmed) Siam manteve reféns cerca de 1.000 moradores de Gaza no Hospital Rantissi e os impediu de ir para o sul para sua segurança", disse um comunicado militar israelense.
Segundo o comunicado, Siam foi morto junto com outros militantes enquanto se escondia na escola "al Buraq". Autoridades palestinas disseram à Reuters na sexta-feira que pelo menos 25 palestinos foram mortos em um ataque israelense à escola, que estava lotada.
(Reportagem adicional de Crispian Balmer, Ari Rabinovitch, e outras redações da Reuters)