Depoimento, nesta manhã (13/11), de um cirurgião de Médicos Sem Fronteiras (MSF) que ainda está dentro do hospital Al Shifa, em Gaza.
Médicos Sem Fronteiras
Na manhã desta segunda-feira (13/11), no hospital Al Shifa, em Gaza, conseguimos falar com um profissional da nossa equipe que permanece no interior da unidade de saúde e descreveu a situação terrível vivida por pacientes e equipe médica e a rápida deterioração das condições no local:
“Não temos eletricidade. Não há água no hospital. Não há comida. Pessoas vão morrer em poucas horas sem ventiladores mecânicos que funcionem.
Em frente ao portão principal há muito corpos. Há também pacientes feridos e não conseguimos trazê-los para dentro.
Quando mandamos uma ambulância buscar pacientes, a poucos metros de distância, eles atacaram a ambulância. Há feridos no entorno do hospital, buscando atendimento médico. Não podemos trazê-los para dentro.
Também há um franco-atirador que atacou pacientes. Eles têm ferimentos de bala e operamos três deles.
A situação é muito ruim, é desumana. Esta é uma área fechada, ninguém sabe o que está acontecendo conosco. Não temos conexão de internet, você conseguiu ligar agora para mim, talvez tenha que tentar dez vezes antes de conseguir outro contato comigo.
A equipe médica concordou em deixar o hospital apenas se os pacientes forem evacuados primeiro: não queremos deixar nossos pacientes. Há 600 pacientes internados, 37 bebês, alguém que precisa da UTI, não podemos abandoná-los.
Precisamos de uma garantia de que haja um corredor seguro porque vimos pessoas tentando sair do Al Shifa e eles os mataram, eles foram bombardeados, o franco-atirador os matou.
Dentro do hospital Al Shifa há pacientes feridos e equipes médicas. Se nos derem garantias e evacuarem os pacientes primeiro, nós aceitamos ser evacuados.”
Cirurgião de MSF no hospital Al Shifa, em Gaza.