Após décadas de vigilância por satélite por parte de analistas e governos estrangeiros, a Coreia do Norte enviou seu primeiro satélite espião em uma órbita global com uma mensagem para o mundo: nós também podemos observar vocês.
Por Josh Smith e Hyonhee Shin | Reuters
SEUL - Nesta terça-feira, a mídia estatal norte-coreana disse que o líder Kim Jong Un havia analisado fotos do satélite espião da Casa Branca, do Pentágono e dos porta-aviões dos Estados Unidos na base naval de Norfolk.
Líder norte-coreano Kim Jong-un 24/11/2023 KCNA via REUTERS |
A Coreia do Norte lançou na semana passada com sucesso seu primeiro satélite de reconhecimento, que, segundo ela, foi projetado para monitorar os movimentos militares dos EUA e da Coreia do Sul.
Desde então, a mídia estatal informou que o satélite fotografou cidades e bases militares na Coreia do Sul, Guam e Itália, além da capital dos EUA.
"Lembra-se de quando você ganhou aquele brinquedo que sempre quis no Natal e ficou tão empolgado que queria contar a todos sobre ele?", disse Chad O'Carroll, fundador do site NK News, voltado para a Coreia do Norte, sobre os relatos da KCNA em um post no X.
Até o momento, Pyongyang não divulgou nenhuma imagem, deixando analistas e governos estrangeiros debatendo a capacidade real do novo satélite.
A Coreia do Sul, que afirmou na terça-feira que a data de lançamento do seu primeiro satélite espião em um foguete Falcon 9 dos EUA, em 30 de novembro, seria adiada devido ao clima, disse que a capacidade do satélite norte-coreano não poderia ser verificada.
Não há motivo para duvidar que o satélite possa ver as grandes áreas ou os navios de guerra que a Coreia do Norte alegou poder ver, já que até mesmo uma câmera de média resolução poderia oferecer a Pyongyang essa capacidade, disse Dave Schmerler, especialista em imagens de satélite do James Martin Center for Nonproliferation Studies (CNS).
"Mas a utilidade dessas imagens depende da finalidade para a qual elas serão usadas", afirmou ele.
Para que os satélites de média resolução sejam úteis em um conflito, a Coreia do Norte precisará lançar muitos mais para permitir passagens mais frequentes sobre locais importantes, disse Schmerler, uma meta que a agência espacial da Coreia do Norte disse estar buscando.
"É um grande salto para eles saírem do zero para alguma coisa, mas até que possamos ver as imagens que eles estão coletando, estamos especulando sobre seus casos de uso", declarou ele.
Estados Unidos e Coreia do Sul condenaram o lançamento do satélite como uma violação das resoluções do Conselho de Segurança da ONU que proíbem qualquer uso de tecnologia balística.